02 novembro 2023

Miguel Soares (1973-2020): três anos de saudade


Espanha, Santiago de Compostela > 11/06/2016 > Da esquerda para a direita, Miguel, Berta (mãe), Sandra (irmã) e Zé Soares (pai)



 Espanha, La Toja >  10/06/2016 em La > O Miguel, à esquerda com os pais e a irmã. Se fosse, teria efeito 50 an0s, em 6 de setembro. Nasceu em 1973. E lutou 3 anos contra a doença que o vitimou. É justo recordá-lo no nosso blogue, que é de toda a nossa família alargada. 

Fotos do álbum da Sandra (2023)



In Memoriam, Miguel Soares!


Queridos Zé, Berta, Sandrinha, Rui, Maria, Gusto, Nitas:

Acabam de perder um filho, um irmão, um pai, um sobrinho. Não há dor maior do que essa. É uma parte de vós que a morte vos rouba. E vão passar a ficar amputados, para sempe, dessa parte de vós. O Miguel, filho, irmão, pai, sobrinho, era essa parte de vós.

Nada será como dantes. Há o antes e depois. Quando a morte nos bate à porta, é para entrar e levar um de nós. É a tragédia que se abate sobre a família. Tudo foi tentado para arrebatar o Miguel das garras da morte. Ela foi mais forte que a medicina, a ciência, o IPO, os profissionais de saúde que o trataram, e aqueles que rezaram por ele, que cuidaram dele, que foram seus amigos. 

 Foi um duro combate, e nós somos testemunha, à distância, é verdade, dessa luta desigual, em que o Miguel foi um herói. Ficará para sempre, na nossa memória, o seu sorriso, bonito, penoso é certo, mas ainda esperançoso, quando o abraçámos pela última vez, na vossa casa, em fevereiro passado.

O Miguel foi aquele menino que vimos crescer e fazer-se homem e tornar-se pai, ao longo dos mais de 40 anos que já levam o nosso convívio com a vossa família, no Porto e na Madalena. Não o vamos ver mais à mesa, na festa de Natal, mas no próximo, se nós lá chegarmos, e se nós pudermos passá-lo convosco, aí na Madalena, vamos pôr o seu lugar à mesa, em lugar de honra.

E há um difícil luto a fazer. Mas que tem de ser feito. Para que o Miguel fique, em paz, na vossa e na nossa memória como filho, irmão, pai, sobrinho, primo, companheiro, amigo. O Miguel foi um exemplo, nobre, estoico, de resiliência, de resistência e de dignidade na doença, na dor e na morte.

Infelizmente, ele parte para a sua última viagem ainda em plena pandemia de COVID-19 quando não nos é possível estarmos todos juntos para o último adeus, e darmo-nos conforto uns aos outros através dos nossos beijos e abraços. 

Mas as palavras que nos enviamos levam todo o calor humano e toda a solidariedade na dor que, à distância, conseguimos exprimir, ainda sob o choque da notícia da sua morte, já pressentida mas temida. Nunca estamos preparados para este momento terrível das nossas vidas, que é a notícia da morte daqueles que amamos.

Vamos recordar o Miguel como um homem bom, um filho, um irmão, um sobrinho, um pai, um amigo, que tinha ainda meio caminho da vida para fazer, com muitos sonhos e projetos, e sobretudo com todo o direito a ver a sua querida Maria a crescer e a tornar-se uma grande mulher.

Vocês sofreram muito com a sua doença. E estão a sofrer com o seu desaparecimento físico. E os próximos tempos vão ser de um grande vazio. Nada trará, porém, o Miguel de volta, a não ser as boas memórias que temos dele, desde menino. É já grande a saudade que temos dele.

Vamos continuar a falar do Miguel, como se ele continuasse a conviver connosco e a falar connosco, com aquela serenidade reservada mas sempre cordial com que ele gostava de estar em grupo. Faz-nos bem falar com os nossos queridos mortos. O Miguel vai continuar a fazer parte do circulo íntimo da família e dos amigos.

Até sempre, querido Miguel!

Luís e Alice (, com um chicoração muito terno também do João e da Joana, que estão em Lisboa)

Lourinhã, 27 de maio de 2020

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