Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses. A casa, as pedras, os muros, o chão, as minas, os carvalhos, os castanheiros, as vinhas... Na posse da família Ferreira Carneiro, há pelo menos dois séculos. Uma estória de loas e cantigas. Mas também de trabalhos (es)forçados. De pão e vinho sobre a mesa. De amor e de amizade. Rosa, Chita, Nitas, Zé, mais as respectivas caras metades (Quim, Luís, Gusto e Teresa). Pais fundadores: José Carneiro & Maria Ferreira.
Quinta de Candoz > 28 de julho de 2007 > A Nitas "apanhando um banho de sol". Foto: LG (2007)
Lisboa > Graça > Miradouro de Nossa Senhora do Monte > 21 de janeiro de 2019 > Da esquerda para a direita, Nitas, Alice e Laura. Foto: LG (2019)
Alfragide > Casa dos "man0s" Alice & Luís > 20 de janeiro de 2019 > A Nitas e a Laura. Foto LG (2019)
Quinta de Candoz > Vindimas > 18 de setembro de 2020 >Da esquerda para a direita, Nitas, Alice e Mi. Foto LG (20020).
Vila Nova de Gaia > 20 de junho de 2019 > Na festa do casamento do Tiago e da Sofia > "Cantarolando o fado"... Da esquerda para a direita: Nitas, Alice e Mi. Foto do álbum de família (com a devida vénioa)
Porto > 18 de abril de 2018 > A Nitas com a neta, Carolina. Foto do álbum de família (com a devida vénia)...
1. Homenagem da amiga pessoal e da família, Laura Fonseca (professora universitária, reformada, Porto) (aqui reproduzida com a devida vénia) (*):
O que sempre vi e retenho da querida Nitas:
Em primeiro lugar, a Nitas era uma mulher intensa e que apreciava a vida vivida com intensidade:
mulher que “da vida não queria só metade”
intensa no amor ao seu marido Gusto; aos seus filhos Filipe e Tiago; a sua menina/neta e seu menino/neto; aos seus irmãos e irmãs e sobrinhos; aos seus amigos e colegas;
intensa em viver a vida que poderia estar ao seu alcance;
intensa na generosidade;
intensa no cuidado de si e das suas coisas;
intensa no trabalho e no seu lugar profissional;
intensa nas relações de amizade;
intensa a congregar todos os que viviam à sua volta;
intensa na dedicação e no acolhimento;
intensa na alegria de viver;
intensa nas suas convicções;
intensa nos seus afectos
Em segundo lugar, a Nitas:
era uma mulher poderosa, concentrada e fazedora;
mulher que se mobilizava e sabia bem o que queria para si (e para os seus);
sabia bem onde colocar as suas energias e forças;
mulher que tinha a sabedoria de determinar e prosseguir a sua vida;
a arte de saber criar o seu bem viver;
sabia alimentar as suas forças e convicções;
apreciava a festa e sobretudo apreciava fazer a festa;
apreciava a música, o canto, as festividades, as viagens…
Em terceiro lugar, a Nitas;
era uma mulher de bem consigo e contaminada pela sua vida;
vivia satisfeita, apaziguada e de bem com a sua vida;
era uma mulher esmerada e que sabia bem o que valia, o que queria e gostava muito de si assim;
apreciava a sua estética, o seu fazer, a sua forma de vida;
sabia o que podia exigir de si e por isso desenvolvia e valorizava esse seu potencial.
Em quarto lugar, e por tudo isto, a Nitas era uma mulher inteligente e tinha a SABEDORIA para fazer bem e intensamente tudo o que apreciava. Sentia que tinha consigo e em si o melhor do mundo.
Contigo, Nitas, vivi bons momentos nestes últimos anos de saúde… senti o teu carinho, a partilha do que achavas belo e oportuno.
Tive o aconchego e um lugar à tua mesa e nas tuas casas, apreciava o prazer de te mobilizares para partilhar o que tinhas de melhor.
Pude apreciar os sabores dos teus petiscos e as tuas coisas boa e que fazias menção de partilhar, senti bem a tua solidariedade e disponibilidade… em momentos difíceis.
Vila Nova de Gaia > 20 de junho de 2019 > A Nitas, a tocar o cavaquinho, n dia do casamento do filho Tiago (aqui na foto, de costas, regendo o grupo musical que abrilhantou a festa) O Filipe aparece em segundo plano, a tocar viola. E o pai de ambos, o Gusto, é o segundo acordeão. O primo João (violino) aparece à esquerda, por detrás dos dois acordeãos.
Maia > ESMAI > 27/6/2017 > Com o coro e grupo de cavaquinhos da Casa do Pessoal do ISEP. A Nitas é a quarta, da primeira fila, a contar da esquerda.
Macedo de Cavaleiros > Podence > Casa do Careto > 11 de fevereiro de 2018
Lisboa > MAAT > 17 de junho de 2018 > Com o Gusto, frente ao estuário do rio Tejo, a ponte e o Cristo Rei
Fotos: álbum da família (com a devida vénia)
1. Palavras ditas pelo filho Tiago, 40 anos, na missa de corpo presente, dia 25 de março, na igreja de Padrão da Légua, Matosinhos, reproduzidas aqui com a devida vénia (*):
Mãe,
De todos os dias da minha vida,
este era o que mais temia, e o que menos queria que chegasse. Metade de mim
partiu.
Levo comigo o teu sorriso daquele
último domingo enquanto brincavas com os teus netos.
Eras um abraço quentinho e sempre
aberto, um coração sem tamanho, onde cabiam na mesma medida todas as dores e
alegrias, as tuas e as de todos nós.
Eras toda emoção, de choro fácil,
mas de sorriso ainda mais. Eras pura em vontade de viver.
Tenho a certeza de que onde quer
que estejas, estás a olhar por nós, como sempre o fizeste e tão bem nos
ensinaste.
E tenho a certeza ainda maior de
que há nomes tão fortes que a morte só leva emprestado. Por isso havemos de
dançar, cantar, pintar, escrever, cozinhar, tocar ... enfim, havemos de criar!
Seja o que for, mas inspirados em ti e no sentimento que em nós deixaste
ganharás vida. E enquanto assim for nunca hás-de morrer!
2. Palavras do filho mais velho, Luís Filipe, 44 anos, na capela da Sra do Socorro, Paredes de Viadores, 25/3/2023, às 15h00 (reproduzidas aqui, com a devida vénia):
Antes de mais queria agradecer a todos a vossa presença aqui, isto significa muito para nós e significaria muito para ela também, pois a coisa que ela mais cultivou ao longo da vida foi a amizade.
Desde a última vez que falei para a maioria dos presentes, que foi no casamento do meu irmão, muitas coisas mudaram, mas a principal, é o facto de a minha mãe estar na primeira fila, sendo ela a protagonista.
Para mim a minha mãe, entre tantas, definia-se com estas palavras:
(i) Honestidade – Deverá ser, a par do meu pai, a pessoa mais honesta que conheci, tudo para ela era sobre fazer o bem e corretamente; devo-lhes isso, aos meus pais, e todos os dias faço o meu melhor para que se orgulhem de mim e o que me ensinaram não tenha sido em vão:
(ii) Sensibilidade – Não era sensível, era hípersensível, conseguia chorar em todos as situações, más ou boas, e em muitas delas sem razão aparente, mas a ironia tem destas coisas… e hoje aqui estamos …todos a chorar e ela não;
(iii) Gratidão - A primeira palavra que lhe saía da boca para qualquer coisa de bom que lhe acontecia era a palavra “Obrigada”. Mesmo quando era comigo que a situação era boa, ela obrigava-me a agradecer e não descansava enquanto não o fizesse (E aproveitando esta alavra em especial ela quereria neste momento, assim como nós, agradecer ao Dr. Ricardo Pinto o seu empenho, profissionalismo e amizade pela minha mãe e que fez com que prolongasse ao máximo da vida dela e, portanto, a nossa felicidade: não existem palavras uficientes para agradecer a ele e a todos os profissionais do Hospital de S. João que trataram com carinho e amor a minha mãe, portanto vou ser prático e dizer como a minha mãe me ensinou “Muito Obrigado”.)
(iv) Regateadora – Possivelmente uma das maiores regateadoras que o mundo já viu, conseguia os melhores descontos com uma técnica muito apurada… um misto de paciência e determinação e provavelmente sendo um pouco somítica; para tal comprovar, tenho uma história, era eu criança e fomos comprar umas sapatilhas para mim na Rua de Costa Cabral, entramos e saímos de todas as lojas para ver todos os preços e voltámos à primeira que tínhamos visitado; depois de experimentar e de pedir para as levar, pediu o inevitável descontinho, ao que o dono da loja disse que não podia de maneira nenhuma, porque até estavam com 40% de desconto em plena época de saldos; ela não cedeu e meia hora depois saímos com as sapatilhas na mão e com mais 20 escudos no bolso; portanto tinha valido a pena!!!
(v) Amor – Acima de tudo um amor incondicional aos irmãos, cunhados, sobrinhos, amigos, ao amor da vida dela de 50 anos, aos filhos, às noras e principalmente aos netos que foram no fundo a razão maior para ter lutado tanto tempo pela vida, pois queria acompanhar o máximo da vida deles.
Mãe, estas palavras são agora para ti, foste a melhor mãe do mundo, estou-te agradecido por tudo que fizeste por mim, o teu amor e o teu carinho, a tua sensibilidade e honestidade fizeram de mim o que sou hoje e apesar da tua aparente fragilidade foste a mais corajosa e lutadora de todos os que conheci. Amo-te muito! Sei o que querias para mim e espero estar à altura.
De todas duas palavras deixei duas últim para o fim e que nunca pensei dizer tão cedo: Adeus Mãe!"
Paredes de Viadores > 1957 > A Nitas, aos 10 anos, quando fez a primeira comunhão
Candoz: a Nitas aos 12 anos, quando cortou as tranças...
Paredes de Viadores > A Nitas e o Gusto em 1966,
por ocasião do casamento do irmão,
Manuel Ferreira Carneiro, com a Mi
Porto > 1984 > A Nitas e o Filipe, com a Zezinha,
no dia do casamento desta com o Eduardo.
Foi a primeira neta dos avós José Carneiro
e Maria Ferreira
Fotos de família (com a devida vénia).
1. Na hora da despedida da Terra da Alegria: homenagem à nossa querida Nitas, Ana Ferreira Carneiro Pinto Soares (Candoz, 15 jan 1947 - Porto, 24 mar 2023) - Parte II (Maria José Barbosa, "Zezinha") (*)
Oração fúnebre dita na missa de corpo presente, na igreja do Padrão da Légua, Matosinhos, dia 25 de março de 2023, cerca das 11h00, pela Maria José Barbosa, a sobrinha Zezinha,
Texto de que a tia Nitas gostava muito e que me pediu para ler, na hora do último adeus:
Aos meus amores e aos meus amigos:
Ah!, por favor, não vos deixeis morrer!... Nos últimos anos que passaram, a morte levou tantos e alguns nem sequer se despediram de nós….
Mas eu não quero cometer a mesma ingratidão. Na hora da minha partida, faz-me um favor, chora o quanto quiseres, mas não te revoltes contra Deus por Ele me ter levado.
Se não quiseres chorar, não chores, se não conseguires chorar, não te preocupes, e até se tiveres vontade de rir, ri-te do absurdo e da injustiça que é, muitas vezes, a vida e a morte, para os não crentes e até para os crentes. Olha, vê o meu sofrimento ao longo destas quatro anos de doença…
Se alguns dos meus amigos e conhecidos te contarem algum facto a meu respeito, ouve e depois acrescenta a tua versão; se me elogiarem demais, corrige o exagero; se me criticarem demais, defende-me.
A vida inteira eu tentei ser boa e amiga de todos, o que não quer dizer que eu não tivesse também os meus pecados. Por favor, não me santifiques nem me diabolizes.
Sendo crente e cristã, não quero que falem mais de mim do que de Jesus Cristo, se quiseres falar com Ele, fala que eu ouvirei, eu espero estar com Ele, a partir de agora, e poder interceder por todos vós, meus amores e meus amigos, que ainda ficaram na Terra.
E se tu tiveres vontade de escrever algo sobre mim, diz apenas uma frase: “Foi minha amiga, acreditou em mim”. Ou “Foi a companheira da minha vida”; ou “Foi a minha querida minha mãe, nora, avó, irmã, cunhada, tia, etc”…
Então podes derramar uma lágrima, não fará mal, eu não estarei lá para enxugá-la, mas outros familiares e amigos estarão, e farão o mesmo no meu lugar. E, vendo-me bem substituída, irei cuidar da minha nova tarefa lá no Céu.
De vez em quando espreita lá para cima, para o céu estrelado, eu estarei por lá, nalguma estrelinha, e ficarei muito feliz vendo-te a olhar para o firmamento, quiçá à procura de Deus ou de resposta para as tuas perguntas sobre o sentido da vida e da morte. E, quando chegar a tua vez de deixares esta Terra que também foi a da nossa alegria, que nenhuma barreira nos separe, vamos continuar a celebrar o amor e a amizade.
Há quem, de entre vocês, não acredite nestas coisas. Se tu acreditas, então reza, como quem sabe que vai morrer um dia, e que, ao morrer, sabe que viveu uma vida que valeu a pena.
Ter tido o privilégio do vosso amor e da vossa amizade já foi ter tido um pedacinho do Céu. Na hora da partida da Terra da Alegria, consola-me ter sabido que muito amei e que fiz muitos e bons amigos.
Até sempre, meus amores e meus amigos. A vossa Nitas.
(Revisão e fixação de texto: Luís Graça... Texto lido pela Maria José Barbosa, a Zezinha, nascida em 1963)
Ana Ferreira Carneiro, a nossa querida Nitas, na sua casa da Madalena, Vila Nova de Gaia, em 19/6/2019, no dia do casamento do filho mais novo, o Tiago, mas já com o diagnóstico da doença, a mielodisplasia, quatro anos depois, iria estar na origem da sua morte. Deu-nos um extraoridnário exemplo de abnegação, resistência, vontade de viver, amizade e amor,
Porto > Praça do Marquès > Igreja Senhora da Conceição >
6 de abril de 1974 >Casamento da Nitas e do Gusto
Porto >12 de agosto de 1979 > O Gusto e a Nitas:
batizado do primeiro filho, o Luís Filipe...
Fotos do álbum da família (com a devida vénia)
1. A Quinta de Candoz e a nossa família ficaram mais pobres, a partir de anteontem, com a morte da "Nitas"... De seu nome completo de casada, Ana Ferreira Carneiro Pinto Soares (Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, 15/1/1947 - Porto, 24/3/2023)
A engenheira Ana Carneiro, carinhosamente conhecida por "Nitas", formou-se em 1973 (no antigo Instituto Industrial do Porto) e trabalhou desde então, e durante quase quatro décadas (até 2010), no ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto, no departamento de Engenharia Química, Laboratório de Tecnologia Química.
Era irmã dos outros 3 sócios da Quinta de Candoz, Rosa, Alice e Zé. A segunda mais nova dos filhos do José Carneiro e da Maria Ferreira, era ainda irmã do Tó e do Manel.
Fez parte, já reformada, de vários grupos musicais (coros e cavaquinhos). Outro dos seus hobbies era a jardinagem.
Era casada com o Augusto Pinto Soares, "Gusto", economista, e gestor, reformado (coeditor do nosso blogue e o homem dos 7 sete ofícios da Quinta de Candoz).
Deixa dois filhos, Tiago, médico, e Filipe, inspetor tributário. E ainda dois netos, que muito a ajudaram a viver e a ter esperança: a Carolina (filha da Susana e do Filipe) e o João (filho da Sofia e do Tiago). Morava na Madalena, Vila Nova de Gaia.
As cerimónias fúnebres realizaram-se em dois locais:
(i) igreja do Padrão da Légua, São Mamede de Infesta, Matosinhos, com velório a partir das 18h00 do dia 24 de março, sexta-feira, e missa de corpo presente às 10h00, no sábado, dia 25;
(ii) seguindo depois o féretro para a sua terra natal, que ela tanto amava; o corpo desceu à terra por volta das 15h00, no cemitério da freguesia de Paredes de Viadores, Marco de Canaveses.
Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Festa da família Ferreira > 7 de setembro de 2013 > Juntou mais de 100 pessoas. A festa realiza-se desde meados dos anos 80 do séc. XX. A última tinha sido em 2011.
Neste vídeo mostra-se a exibição de um grupo de mulheres da família que cantam lindamente os tradicionais cantaréus da região do Douro Litoral (que só podem ou devem ser cantados pelas mulheres, nas vindimas, e estão hoje praticamente extintos, o termo aliás nem sequer está, lamentavelmente, grafado no Dicionário Periberam da Língua Portuguesa): Nitas, Mi, São (mulher do nosso violinista Júlio Veira Marques)... e Dolores Carneiro... A Nitas está de óculos escuros e xaile tradicional, e irradia uma fantástica energia. Ela adorava cantar e aprendeu a tocar cavaquinho, já depois de reformada.
2. Oração fúnebre dita na missa de corpo presente, na igreja do Padrão da Légua, Matosinhos, dia 25 de março de 2023, cerca das 11h00 (**):
Querida Nitas:
Hoje há lágrimas e suspiros. Hoje é o dia mais triste das nossas vidas. Agora que partiste para a tua última viagem, aquela que não tem retorno, há um nó na garganta que nos sufoca e não nos deixa dizer tudo o que nos vai na alma.
Sabes, na hora da morte dos que nos são queridos, as palavras de pouco nos servem de consolo. Escrevi-te tantos sonetos, quadras e outros textos poéticos, ao longo da tua vida, por ocasião dos teus aniversários e em outros momentos felizes que passámos juntos no seio das nossas famílias… Mas ficou, afinal, tanto por te dizer e partilhar contigo!...
Contra toda a evidência médica, fomos resistindo à ideia de te perder e fomos sempre alimentando a luzinha que, embora muito trémula, ainda era visível ao fundo do túnel, há uns meses atrás. Mas tu sabias que a vida te estava a escapar… não obstante a dedicação e a competência dos “anjos”, que no Hospital de São João, cuidaram de ti, a começar pelo teu hematologista, dr. Ricardo Pinto.
Recordo o que me escreveste, há um ano, agradecendo as palavras que eu te mandei, em meu nome e da tua mana Alice, por ocasião dos teus 75 anos. “Querido Luís: Quando partirmos para o outro lado do rio de Caronte, como tu dizes, o que fica para a posteridade, é o que tu escreves agora para nós… Tantas e tão lindas recordações. De nós pouco fica… Obrigada mais uma vez, a todos, por todo o carinho que recebo.” (Fim de citação).
Não, Nitas, de ti fica muito. Antes de mais, fica, em nós, uma saudade imensa. De ti, fica o teu sorriso luminoso, a tua grande bondade, a contagiante alegria de viver, a tua beleza interior, a tua gentileza, a tua fotogenia, o carinho com que tratavas as tuas plantas e flores na Madalena e em Candoz, o prazer com que ias para o coro e o cavaquinho, o orgulho, a ternura e o amor que tinhas pelo teu marido, Gusto, e pelos teus filhos Luís Filipe e José Tiago, o desvelo e o carinho que manifestavas pelos teus netos, e as tuas noras e a tua grande família: manos, cunhados, sobrinhos, etc.
Fica o exemplo extraordinário de abnegação e de resistência que deste ao longo de quatro anos de luta contra uma doença crónica degenerativa, cruel, irreversível, incurável, injusta. Tu não merecias este desfecho.
E fica o teu Gusto, sempre discreto mas eficiente e presente, sempre a teu lado, nos piores e melhores momentos, o Gusto, o teu grande companheiro de jornada, de estrada, o grande amor da tua vida. Fica o seu exemplo, para todos nós, de um extraordinário cuidador. Sem um ai, sem um ui, escudando-se muitas vezes na sombra, fora das luzes da ribalta, sem procurar protagonismo. Porque ele sabia que tu farias exatamente o mesmo por ele. Essa, sim, é uma grande prova de amor.
Fica ainda o exemplo do resto da tua família, que esteve sempre a teu lado, que soube ser carinhosa, fraterna e solidária na grande provação que foi a tua doença. Sem esquecer os teus bons amigos e antigos colegas, do ISEP - Instituto Superior de Engenharia do Porto e dos grupos do coro e do cavaquinho…
Na tua morte, querida Nitas, todos morremos um pouco contigo. Falo em meu nome, em nome dos meus e dos teus, e de todos os demais que muito te amaram e que te vão recordar pela vida fora. Prometemos nunca te esquecer enquanto ainda tivermos do lado de cá do rio. Também já temos a moeda para dar ao barqueiro Caronte que nos há de levar ao teu encontro, na outra margem. Até lá vamos falando contigo, mesmo por entre lágrimas e suspiros.
Recusamos dizer-te adeus, até sempre. Apenas, adeus, até um dia destes, querida Nitas!
Economista e gestor de empresas, reformado...Vive no Porto. Agricultor, às quartas e sábados... Em Candoz, é o homem dos sete ofícios agrónomo, enxertador, podador, tractorista, viticultor, enólogo, contabilista... A única coisa que ele detesta no campo é a enxada.