24 dezembro 2012

As janeiras da Madalena, 2012/13















Madalena, V.N.Gaia, Casa da Nitas e do Gusto, consoada de 2012

Fotos e texto: Luís Graça (2012)

1. 


 Manda a nossa tradição

Que se cantem as janeiras,

À patroa e ao patrão,

Gente boa, com maneiras.


2. 

 Mais os seus convidados,

Companheiras e companheiros,

À mesa bem instalados,

Com fama de lambareiros.


3. 

 Saibam todos que isto não é convento,

Nem a Nitas abadessa,

No Natal estica o orçamento,

E põe alegria na travessa.


4. 

 O patrão, esse, dá de frosques,

Para não ser mais roubado,

Foge do Robim dos Bosques,

E evita o Zé do Telhado.


5. 

 Nesta noite de encantar,

Cantemos, e com a voz quente.

Mesmo c’o a crise a durar,

Ninguém chora, minha gente.


6. 

 No Natal dos sem abrigo,

Não há de faltar cá nada,

Bem dispenso o formigo,

Mas como um rabanada.



7. 

 Pode a saúde estar em cacos,

Acabar-se o alcatrão,

A rua ser só buracos,

Mas faltar esta noite, não!


8. 

 Saúde agora é saudinha,

Diz o rei mago Gaspar,

Medicamento é mezinha,

Sopa do pobre, jantar.


9. 

 Tristezas não pagam dívidas,

As tuas e as da Nação,

Muito menos faces lívidas

Ficam bem aos que aqui estão.


10. 

 O Tio Gusto com o acordeão,

O João com o violino,

Dispenso o rabecão,

Mas não o meu vinho fino.


11. 

Só nos resta o triste fado,

Feito o balanço da Nação

Que penhorou o seu Estado,

Do hospital à prisão.


12. 

 Boas festas, senhor Gusto,

Nesta noite de cegarrega,

Não quero saber o custo

Do bacalhau da Noruega!


13. 

 Boas festas, senhores doutores! [, Tiago, João,]

Se aí vem o fim do mundo,

Pra quê quererem ser professores

Se isto vai tudo ao fundo ?


14. 

 Boas festas, senhor Filipe,

Mais a Poli e o Gaudi, [cão,]

Que não apanhem a gripe,

E p’ró ano tenham um Audi.



15. 

 Tatiana, que é um amor,

Meninos, fonte d' alegria,

João Pedro e Leonor

Mais o Diogo e a Maria.



16. 

 Sorte e azar teve a Sofia

Ao partir uma patinha,

Ó Mamã, diz a Maria,

Vou já buscar a colinha.



17. 

 Boas festas, tia Berta,

Gente boa cá da terra,

Com os netos sempre alerta,

Só ao Zé às vezes berra.



18. 

 Parabéns, ó pescador, [Pedro]

Campeão do robalo,

Lá na praia és o maior…

Segredo ? É só apanhá-lo!



19. 

 A Joana veio ao norte,

Solteirinha, por casar,

Com mais um pouco de sorte,

Voltará de novo a amar.



20. 

 Vamos a ver se o Tiago gosta:

Bons augúrios pelo Natal,

Haverá moura pela costa,

Diz a bola de cristal!



21. 

 Mesmo sendo tu um Melech Mechaya, [João,]

Se em Cabo Verde passares,

Cuidado, o coração não te caia,

Com uma morna, é melhor parares.



22. 

 A Alice caiu num cacto

E ficou que nem porco-espinho,

Com o diabo fez um pacto

Para lhe poupar… o rabinho!



23. 

 Boas festas, senhor engenheiro [, Rui,]

Um bom ano p’ra sua empresa,

Que ganhe muito dinheiro,

Tenha farta e rica mesa.



24. 

 A Sandrinha, enfermeira,

Hoje connosco vai estar,

De greve ficou a parteira,

P’ra mais partos não há lugar.



25.  


Boas festas, caro Miguel,

Que és bancário, não banqueiro,

Fiquem os dedos, vá-se o anel,

Que a saúde está  primeiro.


 26. 

Parabéns, cara Patrícia,

Nossa vizinha e sobrinha,

Teus meninos são uma delícia,

O Diogo e a Tatianinha!


27.

Parabéns às cozinheiras

Deste tão lauto jantar,

Já não digo mais asneiras,

Vou à rua apanhar ar.


27.

 Acabo aqui as janeiras:

O resto do pessoal,

Gente simples, sem peneiras,

Fica pra outro Natal!


Madalena, 25 de dezembro de 2012

18 novembro 2012

Fenónemos de Candoz (1): O limão antropomórfico... Será que pica, será que morde ? (pergunta o Diogo)






Candoz > 29 de julho de 2007 > O Diogo, que é filho do Pedro e neto do Zé, estava muito sério, a observar este "fenómeno" de Candoz: um limão que ele não sabia se era para agarrar, espremer, trincar...ou só para brincar... Será que pica, será que morde ?

Fotos: Luís Graça (2007)



Há 100 anos nascia a nossa querida mãe Maria Ferreira (Fandinhães, 18/11/1912 - Candoz, 19/3/1995) (Parte III)







Mãezinha, nossa mãe querida!

Lá vão tantos anos, 

e muito mais meses, semanas e dias,
desde que nos deixaste,
desde que te despediste desta vida!
Morreste serenamente,
no dia 19 de março de 1995,
até escolheste um domingo,
o dia santo do Senhor,
para 
podermos estar todos juntos
antes da tua partida.

Morreste como uma santinha,

aos 82 anos,
nos nossos braços,
como nós gostaríamos de morrer,

um dia, 
nos braços dos nossos filhos!

Foi talvez mais fácil fazer o luto, 
aceitámos com mais resignação cristã

a tua partida,
o fim da tua caminhada na terra...

Mas mesmo assim, 

houve tantas coisas lindas por fazer,
tantas palavras doces por te dizer,
tanta ternura por partilhar,
tantos miminhos e beijinhos por te dar!

Ficamos sempre com a estranha sensação
de que nunca fazemos tudo
o que um filho deve fazer por uma mãe!

A tua doença apanhou-nos desprevenidos,

a nós, teus filhos e filhas...
A comunicação contigo tornou-se mais difícil
mas mesmo assim
cuidámos de ti,
até ao fim,
na tua casa,
com todo o amor, carinho e saber
que nos foi possível...

Demos aos nossos filhos e netos 

um grande exemplo de amor filial,
de ternura e gratidão por uma mãe
que envelhece e adoece,
mas o mesmo também fizemos 

pelo nosso querido pai.
Como tu tinhas feito pelos teus pais, 
os nossos avós.

Hoje farias cem anos, se fosses viva.
E para nós tu continuas a viver,
nos nossos corações,
no nosso jardim,
na nossa casa,
nos nossos campos,

nas nossas árvores,
na nossa Quinta de Candoz.
Falamos contigo,

e mostramos-te as coisas lindas
que fizemos juntos,
e que te orgulhariam,
a ti e ao nosso pai, 
se ambos fossem vivos.

Falamos hoje contigo
como no dia da inauguração da nossa casa,
em 7 de abril de 1999,
em que fizemos uns versinhos 
que começavam assim:

Eu sonhei com rosas brancas
Que vieram do além;
De todas as almas santas
Só pode ser nossa mãe.

Só pode ser nossa mãe
A querer falar com nós,
Por isso ela também
‘Tá aqui hoje em Candoz.



Hoje, em que farias 100 anos,
estamos aqui todos,
o António, a Rosa, o Manel,
a Alice, a Nitas, o Zé...
justamente para te recordar
e homenagear.
Para te dizer, simplesmente,
que foste, és e serás sempre 
a nossa... querida mãe!

Nasceste em Fandinhães,
em 18 de novembro de 1912,
num tempo difícil para o povo,
muito mais difícil do que hoje,
e muito mais difícil ainda para quem nascia mulher.
Casaste e vieste viver para Candoz,
para este mesma casa
cujas pedras têm mais de 200 anos.
Aqui nos tiveste e nos criaste,
sete filhos e filhas em dez anos,
a tua canalha,
como tu carinhosamente costumavas chamar-nos.

Aqui nos deste o teu leite 
e o teu amor,
aqui nos deste o teu caldo 
e o teu pão,
o essencial das coisas que nunca nos faltaram,
sem esquecer os teus ralhos 
e os teus açoites.
Para nós serás sempre a melhor mãe do mundo,
deste-nos a vida, 
deste-nos o ser,
ajudaste-nos a sermos homens e mulheres,
que sempre te orgulharão,
que ostentam com orgulho
o teu apelido, Ferreira,
e o apelido do nosso pai, Carneiro.
Aqui crescemos e fomos saindo
para as sete partidas da vida e do mundo.
E aqui voltamos, 
sempre com muita alegria,
mas também saudade,
para estarmos todos juntos,
as nossas várias gerações,
a dos teus filhos, netos e bisnetos.

E, se há uma oração 
que te queremos rezar hoje,
à volta da tua campa,
é esta:

Nossa mãe, muito obrigados,
Por nos teres botado ao mundo
Os teus filhos adorados,
Que te têm amor profundo.

Que te têm amor profundo
E uma dívida, a da vida;
Do coração, lá do fundo,
Te dizemos: és mãe querida!


Quinta de Candoz, 18/11/2012

António, Rosa, Manel,
Alice, Nitas e Zé


15 novembro 2012

Há 100 anos nascia a nossa querida mãe Maria Ferreira (Fandinhães, 18/11/1912 - Candoz, 19/3/1995) (Parte II)


Com o filho mais novo, o Zé, no dia do seu casamento (com a falecida Carmen, Porto, 1976) 


Com a filho mais nova, a Nitas, no dia do seu casamento (com o Gusto, Porto, 1974)


Com o Manel e a Mi, no dia do respetivo casamento (igreja da freguesia de Paredes de Viadores, 1966)



14 novembro 2012

Há 100 anos nascia a nossa querida mãe Maria Ferreira (Fandinhães, 18/11/1912 - Candoz, 19/3/1995) (Parte I)








As três irmãs, Maria, Ana e Rosa, filhas de José Nunes Ferreira e Balbina Ferreira, nascidas em Fandinhães, Paços de Gaiolo, Marco de Canaveses. A nossa querida mãe e sogra, Maria Ferreira, nasceu em 18/11/1912. Faria, portanto, 100 anos, se hoje fosse viva. 

11 novembro 2012

Os nossos sentieiros (cogumelos): este ano a colheiita foi boa (Parte ii)










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Quinta de Candoz > 21 de outubro de 2012 > O Zé e o Manel na colheita dos sentieiros... Este ano houve muitos (talvez uma centena ou mais)... Duram um dia ou dois... Fritos com cebola são um petisco, cá em casa,  de comer e chorar por mais...

Fotos: Luís Graça (2012)

Os nossos sentieiros (cogumelos): este ano a colheita foi boa (Parte I)


Candoz > 21 de outubro de 2012 > Os nossos sentieiros (cogumelos) > Com as primeiras chuvas de outomo, florescem largas dezenas de sentieiros na nossa terra... Este ano foi um boa colheita... A voz off é a minha e a do Zé.

Vídeo (''50): Luís Graça (2012)


31 outubro 2012

Vivó' s noivos: As bodas de ouro da Rosa & e do Quim (1962-2012) (19): Não há festa sem música (Parte XI):... Nem sem cantigas como "A minha saia velhinha"...


"A minha saia velhinha" (tradicional)

Vídeo (4' 16'': Gusto/Luís Graça (2012). Alojado em You Tube > Nhabijoes [Clicar aqui para visualizar o vídeo)


Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz >20 de outubro de 2012. Festa das boas de ouro da Rosa e do Quim (1963-2012) > Música tradicional portuguesa. "A minha saia velhinha" (Minho, aqui numa outra variante local, duriense, em que se mantem o refrão)... Músicos: Júlio e João (violinos) + Nelo e Tiago (violas) + Miguel (viola, cavaquinho).

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Aqui vai a letra (original) de "A minha saia velhinha" (Popular, Minho)
.

A minha saia velhinha
Está toda rotinha
d'andar a bailar;
agora tenh'uma nova,
feitinha na moda
p'ra eu estriar.

Minha mãe casai-me cedo,
enquanto sou rapariga:
que o milho ceifado tarde
não dá palha nem espiga!

O meu amor era torto
e eu mandei-o cavacar:
agora já tenho lenha
para fazer um jantar.


José Nuno Oliveira (recolhida em Marrancos, anos 70)


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30 outubro 2012

Vivó' s noivos: As bodas de ouro da Rosa & e do Quim (1962-2012) (18): Não há festa sem música (Parte X):... Nem sem dança no terreiro!... Sem valsas, mazurcas e contradanças...

Um mazurca!... 

 Vídeo (2' 11'') b:  Gusto/Luís Graça (2012). 

Alojado no You Tube > Nhabijoes  (Clicar aqui para visualizar o vídeo)


Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz >20 de outubro de 2012. Festa das bodas de ouro da Rosa e do Quim (1963-2012) >  Música tradicional portuguesa...contra a troikice!... Esta é uma mazurca, daquelas que o povo de Candoz adora dançar!...  Músicos: Júlio e João (violinos) + Nelo e Tiago (violas)



29 outubro 2012

Vivó' s noivos: As bodas de ouro da Rosa & e do Quim (1962-2012) (17). Não há festa sem música (Parte IX):...Nem o "sagrado", a festividade religiosa, sem o coro, sem o padre...
















Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz >20 de outubro de 2012. Festa das boas de ouro da Rosa e do Quim (1963-2012) > A família e os amigos, desde os netos aos sobrinhos, irmãos, cunhados... "Fiadlgo por um dia", diz o Quim...

Fotos: Luís Graça (2012).

Vivó' s noivos: As bodas de ouro da Rosa & e do Quim (1962-2012) (16). Não há festa sem música (Parte VIII):... Nem muita comida e bebida... Gente danada para coisar, trabalhar, cozinhar, fazer docinhos, enfeitar, alegrar, receber (e receber bem)...









Marco  de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz >20 de outubro de 2012. Festa das bodas de ouro da Rosa e do Quim (1963-2012) >

A casa de Candoz engalanou-se e esmerou-se... para receber os noivos... como é da tradição de Entre Douro e Minho... É gente danada para trabalhar, arrumar, lavar, cozinhar, organizar,  fazer bolinhos, enfeitar, pôr os melhores panos na mesa, mesmo que no melhor pano às vezes  caia a pior nódoa...

Fotos: Gusto (2012)