01 novembro 2017

Manuscrito(s) (Luís Graça): A comunhão dos vivos e dos mortos > Paredes de Viadores, 1 de novembro de 2017: aqui a tradição ainda é o que era



Marco de Canaveses > Freguesia de Paredes de Viadores e Manhuncelos > Candoz > Quinta de Candoz > 1 de novembro de 2017 > "Antiga casa de caseiro", fechada há mais de 30 anos... Como outras tantas casas cujos "inquilos" morreram...E as enormes teias de aranha ganham o estatuto de marcas do tempo... É sempre estranho e intimidante entrar numa casa fechada...


Foto (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. 


Manuscrito(s) (Luís Graça) > A comunhão dos vivos e dos mortos > Paredes de Viadores, 1 de novembro de 2017: aqui a tradição ainda é o que era


Dia de Todos os Santos. Na minha terra, na Estremadura, era o dia do "pão por Deus"… Lembro-me, de puto, de andar também de sacola às costas, em bando, de casa em casa, a "pedir o pão por Deus"...Ia-se sobretudo àquelas casas, dos ricos e remediados, que sempre tinham um pão doce, uma broa, uma guloseima ou um tostão para dar às crianças...que, de certo modo, representavam as almas dos fiéis defuntos, em errância pelo mundo.

Aqui, em Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, não há essa tradição, mas é o Dia de Finados (que o calendário litúrgico celebra só amanhã). Estou no recinto da capela de Nossa Senhora do Socorro, no alto da antiga freguesia de Paredes de Viadores, velha ermida cuja origem se perde nos tempos. Terá sido reconstruída por volta de 1877. O cemitério, ao lado, esse, data de 1894.

Como os cristãos se recusavam a ser enterrados fora do "solo sagrado" (ou seja, no interior das igrejas ou do seu adro), por razões de saúde pública, foram criados os primeiros cemitérios públicos em Lisboa, nos primórdios do liberalismo (1835). Mas a medida é ferozmente combatida por grande parte do clero e demais apoiantes da "sociedade senhorial", ou seja, do absolutismo...

A revolta minhota da Maria da Fonte, em 1846, tem a ver também com a proibição, do governo de Costa Cabral, de enterrar os mortos nos recintos religiosos e com o protagonismo dos médicos que passam a certificar o óbito... A sublevação popular que se estende a grande parte do país, leva a soluções de compromisso: a maior parte dos cemitérios públicos, sobretudo no Norte, surgem muito tardiamente, já nos finais do séc. XIX, e são construídos com muros, restos de muralhas e ruínas, e como extensão do "recinto sagrado" (a igreja ou capela e o seu adro) ...É o caso deste cemitério paroquial, rural...

Em 1890, Paredes de Viadores tinha pouco mais de um milhar de habitantes, hoje não chega aos 1300 (censo de 2011).Século e meio de depois, a vida e a morte, o profano e o sagrado juntam-se, mais uma vez, no sítio da antiga ermida de Nª. Sra. do Socorro.





Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Capela de Nossa Senhora do Socorro (restaurada em 1877) e Cemitério da freguesia (1894) > 1 de Novembro de 2008 > O recinto de festas da N. Sra. do Socorro, na freguesia de Paredes de Viadores, enche-se de viaturas e pessoas que, aproveitando o feriado de Todos os Santos, vêm celebrar o Dia dos Fiéis Defuntos, ou Dia de Finados, ou simplesmente Dia dos Mortos, que no calendário religioso é a 2 de Novembro. Hoje há missa às 2 horas da tarde. Depois o padre segue para o cemitério para uma breve cerimónia religiosa, aspergindo com água benta as sepulturas. É um acto de comunhão entre vivos e mortos. Antigamente, creio que antes do Vaticano II, havia três missas, seguidas... Mas mesmo hoje a capela, que data de 1877, torna-se pequena para a multidão que aqui se junta. A fé já não é (nem pode ser) a mesma, mas o ritual mantém-se. Como há séculos. (Comparando com a foto que tirei em 1 de novembro de 2017, mas que não tenho aqui disponível, a única diferença que se pode notar é no parque automóvel, que melhorou, e nas árvores, agora maiores e mais frondosas, à volta do recinto...).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados.


Há largas dezenas de viaturas, talvez mais do que uma centena, espalhadas em redor do recinto (capela, cemitério, parque das merendas). São duas da tarde. As pessoas da freguesia (que agora faz parte da união das freguesias de Paredes de Viadores e de Manhuncelos) comem à pressa (ou mais cedo) para chegar a tempo e horas da missa e bênção das campas.

A capela está a rebentar pelas costuras e cá fora há outro tanto "povo" (como aqui se diz). Ninguém quer perder este momento único do ano que é a celebração do Dia de Finados no feriado de Todos os Santos. Há muito que o povo aqui substituiu os santos pelos seus queridos mortos. É, em resumo, o dia em que os vivos falam, em voz alta, com os mortos. Ou melhor: comungam...

É muito povo junto para uma pacata freguesia do Marco de Canaveses, de povoamento disperso, que vai de Mondim a Candoz, e que é servida, no Juncal, pelo comboio da belíssima Linha do Douro. "Cheiram" a fumo e a anho assado no forno com arroz, que é a especialidade gastronómica da região (Marco de Canaveses e Baião). Hoje é dia de comer arroz de forno. Como na Páscoa e na festa de Nª Sra. do Socorro, festa rija com muito fogo de artifício, que se realiza nos finais de julho (*). Mas já não vêm a pé, agora é um "povo motorizado".

Além disso, a capela fica num alto, com um estradão de acesso, empedrado, muito íngreme. As mulheres, antes de sair dos carros, besuntam-se à pressa com o perfume dos frasquinhos que vão rebuscar nas malas. Porque depois da missa e da procissão até ao cemitério, vão-se beijar todos uns aos outros, os primos, os parentes, os vizinhos, os amigos, alguns os quais vieram de longe, de Ermesinde, da Maia, de Matosinhos, do Porto, de Gaia e até de Lisboa, como eu e a Alice...

Sento-me no muro, enegrecido, do recinto da capela. É já centenário como a capela cujas obras de refundação remontam a 1877, perdendo-se a sua origem no tempo. À volta há sete ou oito oliveiras, bem cuidadas, carregadas de azeitonas, umas já pretas, outras ainda verdes. Lá dentro há um coro de vozes femininas, estridentes. Ouço o “Aleluia”, mas já não sei dizer em que parte vai a missa...

É uma religiosidade ancestral, com profundas raízes socioantropológicas que remontam porventura à época pré-romana e pré-cristã. Quem é vivo e pode deslocar-se, não perde as cerimónias, os gestos, as palavras e as emoções deste Dia de Finados. Pena é que o sol aqui se ponha cedo, por detrás da serra (ou planalto) de Montedeiras. É um catolicismo de raiz pagã, está no ADN desta gente, homem, mulher, criança, velho… “Sou mouro, não há dúvida!”, penso eu com os meus botões.

As campas foram, de véspera, energicamente lavadas e polidas. Com aquele esmero e compulsão que as mulheres do Norte põem nas tarefas de limpeza da casa. Estão cobertas de vistosos ramos de flores e raras são as sepulturas que não têm visitas. Cada família deixa dois, três ou mais círios de 7 dias, acesos. Brancos ou vermelhos, porventura “made in China”. São como as pilhas Duracell que a publicidade diz que duram e duram... À noite, o cemitério é um campo feérico, cheio de mistério, de magia e de interditos. Os vivos e os mortos só se cruzam de dia, e em especial neste dia, o Dia dos Fiéis Defuntos...

Do meu posto de observação, entre uma oliveira e um nicho onde as mulheres vão “queimar” velas de cera, vejo em frente o belo parque de merendas com árvores que mostram a folhagem, de vivas cores outonais. A igreja e a nobreza enquadraram durante séculos esta gente, procurando dar-lhes um sentido para uma vida de "bestas de carga": camponeses, rendeiros, cabaneiros, criados...

Acendo duas velas por todos os mortos, em todas as guerras do passado deste país que começou aqui, nos vales do Sousa e do Tâmega, e de quem porventura ninguém se vai lembrar neste dia. Na última guerra, a do Ultramar, este concelho perdeu 45 dos seus filhos, mas não encontro, na lista, nenhum combatente aqui de Paredes de Viadores. (Há no concelho, pelo menos, três memoriais ou monumentos aos combatentes da guerra do ultramar, na sede do concelho, em Paços de Gaiolo e em Vila Boa de Quires.)

A fila dos que assistem à missa chega até à grade do portão exterior do recinto da capela. Há carros que continuam a chegar, atrasados ou com gente mais idosa que precisa de apoio de braço para se deslocar até aqui. É já difícil estacionar. Com os lucros da festa de Nª Sra do Socorro, os mordomos vão comprando terras à volta, fazendo muros altos e alindando o sítio.

Reza-se o Padre Nosso com devoção, uns, maquinalmente, outros, mesmo as duas jovens manas, de nariz arrebitado e ar suburbano, que estão aqui ao meu lado, sentadas num banco de pedra. Quem é que não sabe ainda recitar o "Padre Nosso que Estais no Céu", que todos nós, "cristãos, judeus e mouros", aprendemos na escola e na catequese ?

O sino bate, com um som grave, à meia hora das duas da tarde. É espantoso como o sino das nossas igrejas e capelas ainda mexe connosco e as nossas memórias de infância. Estou aqui, a um canto, escrevinhando o meu bloco de notas. E pergunto-me: “Será que eu também sou daqui ?”…

Venho aqui há 40 anos e ainda há coisas da idiossincrasia deste povo que me escapam... A Tabanca de Candoz, além da Alice Carneiro, madrinha de guerra de muitos combatentes, está bem representada, entre amigos e camradas: dos antigos combatentes encontro o Manuel Carneiro (CCP 121 / BCP 12, BA 12, Bissalanca,1972/74)(**), o José Ferreira, o Zé do Alto, (que também esteve na Guiné, no início da década de 1970, antigo presidente da junta de freguesia local, primo da Alice, empresário); os meus cunhados José Ferreira Carneiro, que esteve em Angola, em Camabatela, 1969/71, e o António Ferreira Carneiro, que foi ferido em Moçambique, Tete, 1964/66)... (O Manuel Carneiro, reformado da CP, residente no Juncal, não tem qualquer ligação de parentesco com a família Carneiro, de Candoz). Falta aqui o Júlio Vieira Marques, exímio tocador de violino, e que a malta da Tabanca de Matosinhos já conhece: também esteve na Guiné em meados dos anos 60 e também faz parte da Tabanca de Candoz.

As pessoas estão há mais de meia hora de pé. Quem está cá fora, a acompanhar a missa, também observa quem chega e como se comporta. Quem chega, abraça, beija ou cumprimenta com aperto de mão quem está ao lado. Todos se conhecem, contrariamente ao pessoal da grande cidade donde eu venho. Todos aqui são primos, parentes, vizinhos ou amigos uns dos outros. Ou foram namorados/as, colegas de escola, companheiros/as da catequese e da comunhão…

Sai, por fim, a procissão com a cruz à frente e o padre com a caldeirinha de água benta, a caminho do cemitério que fica ao lado, são escassas dezenas de metros de percurso. O sol mal rompe a cortina de nuvens que o estrangula. Dizem que hoje vai chover. O dia está triste, adequado à cerimónia. Continua a rezar-se maquinalmente, eles e elas. Quem está sentado, levanta-se, e toma então lugar na procissão a caminho do cemitério.

Feita a bênção das campas, cada família recolhe-se por uns largos minutos junto da campa dos seus, ajeita os ramos flores, beija os retratos esmaltados dos seus queridos mortos, dá os últimos retoques, faz as suas orações, conta histórias, recorda memórias, mata saudades… Da casa de Candoz, repousam aqui os restos mortais dos nossos dois "mais velhos": Maria Ferreira (1912-1995) e José Carneiro (1911-1996).

Há lágrimas furtivas nalguns rostos...E depois acontece, a seguir, uma descompressão geral. O ambiente torna-se ruidoso e quase festivo e até galhofeiro. A alegria de viver e o forte sentido gregário deste povo não são incompatíveis com o milenar cultos dos mortos. O resto da tarde é passado a beijarem-se e a abraçarem-se, mostrando uns aos outros que estão vivos e bem de vida e de saúde… As mulheres foram ao cabeleireiro, vestiram roupa domingueira, enfim, estão "todas produzidas”, como aqui se diz, com graça.

Chega-se por fim a casa, já noite, com a consciência do dever cumprido, o de velar pelos mortos sem deixar de cuidar dos vivos, duas das 14 obras de misericórdia que fazem parte do legado da nossa ancestral cultura não apenas judaico-cristã como helénica… “Dei um abraço àquela malta da minha infância, do tempo de escola, que já não via há cinquenta ou sessenta anos… E foi como se fora o último!”, diz alguém de volta ao carro...

Confesso que nunca tinha visto, como aqui, no cemitério da freguesia de Paredes de Viadores, do antigo concelho de Bem Viver, um lugar tão especial, singelo e até ternurento, de socialização. O único dia do ano em que os vivos falam, tu-cá-tu-lá, com os seus queridos mortos. E se juntam, em pé de igualdade, no mesmo espaço, a antiga nobreza (os "fidalgos" e seus descendentes), o novo clero e o (e)terno povo…

A um "mouro", como eu, que vem do sul, observador participante, apraz-me registar, com respeito, no meu bloco, uma última observação: Aqui a tradição ainda é o que era...

29 outubro 2017

Parabéns, João Monteiro, no dia do teu 52º aniversário




Paredes de Viadores > 10 de Julho de 2011 > O João na festa da família Ferreira.

Foto e texto: Luís Graça (2017)



Hoje é dia de São João,
Faz anos o João Monteiro,
Dele se diz que o coração
É maior que o mundo inteiro.


Bendito entre as mulheres,
No amor foste um sortudo,
Tuas filhas, lindos seres,
E a Ana que te quer tudo.

Sem esquecer a nossa Mi,
Nem o teu sogro Carneiro,
Toda a gente gosta de ti,
És  o amigo João Porreiro.

Luís / Alice, Candoz, 29/10/2017.

26 setembro 2017

Homenagem ao nosso pai, que faria hoje 106 anos





Pai, farias hoje cento e seis anos,

E eu gostaria de te sentar à mesa,

Para te fazer uma grande surpresa,

Comigo, com as manas e os manos.



Posta a mais bela toalha de linho,

Cantar-te-íamos os parabéns,

À proveta idade que tu já tens.

E brindaríamos com o nosso vinho.



P’ra matar saudades não chega um dia,

E aqui é que aparece, por magia,

Também a querida mãe de todos nós.



Seria a noite mais bela e comprida,

Alguma vez por todos nós vivida,

Na nossa terra e casa de Candoz.



26/9/2017, Maria Alice Ferreira Carneiro

09 setembro 2017

Vídeo de homenagem aos trabalhadores da "vinha do Senhor"...


Região Demarcada do Vinho Verde, sub-região de Amarante > Marco de Canaveses, Paredes de Viadores, Candoz, Quinta de Candoz, 3 de setembro de 2017

Vídeo  (5' 29'') alojado no You Tube > Luís Graça


Quinta de Candoz > Foto panorâmica da entrada principal, vista da estrada municipal nº 642


Quinta de Candoz > Muros de suporte, que hoje em dia custa milhares de euros (60 euros por metro cúbico, em média, ao preço local)


Quinta de Candoz > Vinha em altitude (c. 250/300 metros), roubada à floresta de carvalho e castanheiro...Acima, são os "montes" (pinhal...). O sobreiro cresce aqui a olhos vistos, embora não dê cortiça de jeito...


Quinta de Quandoz > O "sino" que chama "os trabalhadores da vinha do Senhor" para o almoço...
Fotos (e legendas) : © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].
 
1. Começou ontem a vindima na Quinta de Candoz, e eu tenho pena de lá não ter podido estar, até porque fazia anos o José Ferreira Carneiro (um dos meus sócios, meu cunhado, amigo e camarada de armas: o "caçula" fez a guerra do utramar em Angola, em Camabatela, 1970/71, enquanto o mano velho, o Tó,  foi gravemente ferido em Moçambique, sendo hoje DFA)...

Como temos aqui, no nosso blogue, alguns conceituados vitivinicultores (, estou-me a lembrar logo do nosso José Manuel Lopes e da Luisa Lopes, da Quinta da Senhora da Graça), e muitos mais são os "adoradores de Baco", lembrei-me de mostrar-vos este vídeo...

 Para a nossa geração, a vinha e a cultura da vinha são-nos familiares... Somos do tempo em que o vinho dava de comer a um milhão de portugueses, mas os nossos agricultores, analfabetos, não sabiam fazer vinho...No espaço de uma geração (!)  fez-se uma revolução em Portugal, em matéria de vitivinicultura... E produzimos já alguns dos melhores vinhos de mesa do mundo... Não galo dos enólogo, das "estrelas"... Há muita gente anónima por detrás desta revolução, de métodos de trabalho, de ténicas, de conhecimentos, de gestão, e sobretudo de mentalidades... Em suma, é bom que os nossos filhos, netos e bisnetos conheçam um pouco do que é o campo, a agricultura que se faz hoje, donde provém o vinho, o milho, as batatas, a alface, as pêras,  etc.

A Quinta de Candoz situa.-se na região demarcada do vinho verde, sub-região de Amarante. Fomos dos primeiros, na extinta freguesia de Paredes de Viadores (hoje freguesia de Paredes de Viadores e Manhuncelos), a modernizar a cultura da vinha, nos anos 80 do século passado. A quinta, de herança familiar, pertence a 4 sócios (3 irmãs e 1 irmão). Tem meia dúzia de parcelas, em solcalcos, suportados por muros de granito, construidos ao longo dos séculos por gente anónima, à força bruta de braço... No total, o nº de pés de videira não chegará às 2 mil, metade dos quais estão no "campo" que se mostra no vídeo acima. Só temos castas de vinho branco (arinto ou pedernã, azal, loureiro, e algum avesso e alvarinho).  O essencial da produção é vendido à "Aveleda" (Penafiel).  De dois em dois anos, fazemos vinho e engarrafamos para autoconsumo...

Com este vídeo, que não é promocional, eu quero apenas fazer uma homenagem aos trabalhadores da vinha e do vinho do meu querido país, em geral, e em muito em particular aos que continuam a manter de pé "a nossa quinta de Candoz": sem eles, o seu amor, inteligência, competência e sacrifício, eu não poderia mostra-vos este vídeo... Um hectare de vinha, num sub-região como esta, dá muito trabalho: pelo menos 2 dias por semana!... Do enxerto à poda, da "pulveriza" à vindima, vão muitos dias, horas, insónias, preocupações, trabalhos, dinheiro... Não vou entrar aqui em pormenores, técnicos, até porque sou um leigo nesta matéria, sou apenas o "poeta" e o "fotógrafo" da casa... Criei em 2005 o blogue "A Nossa Quinta de Candoz", que é sobretudo um hino a uma família portuguesa, comum, igual a tantas outras, honesta e trabalhadora:

  "Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses. A casa, as pedras, os muros, o chão, as minas, os carvalhos, os castanheiros, as vinhas... Na posse da família Ferreira Carneiro, há pelo menos dois séculos. Uma estória de loas e cantigas. Mas também de trabalhos (es)forçados. De pão e vinho sobre a mesa. De amor e de amizade. Rosa, Chita, Nitas, Zé, mais as respectivas caras metades (Quim, Luís, Gusto e Teresa). Pais fundadores: José Carneiro & Maria Ferreira."

Tenho uma ligação sentimental a esta quinta onde me casei... com a filha do "patrão" (ou uma das filhas)... Tenho uma bela amizade com os meus cunhados e cunhadas, e rendo-me ao amor com que, há mais de 3 décadas, cuidam deste patrimónuio familiar, como se fosse um jardim, sacrificando muito do seu tempo, dinheiro e, infelizmente, também saúde... Este vídeo é uma homenagem em especial ao Gusto e à Nitas, ao Zé, ao Adriano, os verdadeiros "trabalhadores da vinha do Senhor"... Daqui, da terra dos mouros, eu tiro-lhes o chapéu!... Muita saúde e longa vida que eles merecem tudo!... (LG)

Reproduzido do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

08 setembro 2017

Sessenta e oito mais um... Parabéns, querido mano Zé!



Quinta de Candoz, 1/9/2017; foto panorâmica. Foto LG


Quem faz anos, hoje, é o Zé,
O nosso mano querido,
Ferreira Carneiro é,
Gente de bom apelido.

Sessenta e oito mais um,
Diz, sem ponta de malícia,
Depois dos setenta, pum!,
É que ele vai ser notícia.

No clube septuagenário,
Estão já as manas e os cunhados,
À espera do centenário,
Serão todos bem festejados.

Toma, Zé, xicoração,
Tão rico como o almoço,
Hoje os parabéns se dão
A ti, menino e moço.

Tua santa padroeira,
Senhora do Castelinho,
Te encha a algibeira
De graveto… e miminho!

Tua mana Alice e teu cunhado Luís

Alfragide, 8 de Setembro de 2017

10 julho 2017

Parabéns, Tiago, pelas tuas 35 primaveras!


Quinta de Candoz > Os primos, ainda no séc. XX... Da esquerda para a direita: João, Luís Filipe, Tiago e Joana.

Foto: álbum da família, s/d





Soneto de parabéns, para ti, Tiago,
pelas tuas 35 primaveras!






"Nasceu cedo, logo às sete, é de oiro,
Este menino", diz a mãe, babada...
"É mocho, pia até de madrugada",
P’ró pai, é um sinal de bom agoiro.

P’ró Filipe,  é o bebé-chorão,
Mano fofo a quem dar dentadinha,
E lambuzadela… na carequinha;
Ou seja, amor, carinho e proteção.

P’ra todos nós,  foi bênção e alegria,
Amigo irrequieto e divertido.
E logo acrescenta a bela Sofia:

"P’ra mim, és o meu grande amor, querido!"...
Em coro te dizemos,  neste dia:
"Tiago, obrigados… por teres nascido!"



Comboio Intercidades, 
Porto-Lisboa, 10 de julho de 2017, 11:47


O tio Luís... em nome da malta toda!...  (Teus pais, teu mano, tua cunhada, tua sobrinha, teus tios, teus primos... e teus amigos, sem esquecer a tua querida Sofia...)

26 junho 2017

In memoriam: Jorge Dinis (1962 2017)




Marco de Canveses > Paredes de Viadores > Festa da família Ferreira > 10 de julho de 2011 > Da esquerda para a direita: o Tiago (que fazia 29 anos), o Jorge Dinis, a Paul e, de costas, a filha mais velha da Paula e do Jorge, a Carolina ("Kika")






Marco de Canveses > Paredes de Viadores > Festa da família Ferreira > 10 de julho de 2011 > O Jorge e a Paula (Ana Paula, para os amigos)



Marco de Canveses > Paredes de Viadores > Festa da família Ferreira > 10 de julho de 2011 > Alguns dos muitos músicos que animaram a festa: a Carolina e o João (violino), o Mariano (guitarra portuguesa) e o Luís Filipe (viola)

Fotos do álbum das famílias Carneiro e Soares (2011)






Tanatório de Matosinhos > 27 de junho de 2017 > A despedida

Foto de Luís Graça (2017)


Oração fúnebre  ao nosso querido 
Jorge Dinis (1962-2017)



Querido Jorge:


Já não estás entre nós
neste princípio do verão do nosso descontentamento,
o barqueiro de Caronte
levou-te para a outra margem.
Há agora um rio a separar-nos
definitivamente,
a separar os deuses e os heróis
dos simples seres humanos, mortais.
Só os primeiros têm o privilégio
de fazer a viagem de ida e volta.

Mas estamos todos aqui a despedirmo-nos de ti,
para que esse rio não seja
o do esquecimento e da ingratidão.
Em termos poéticos,
é uma imagem poderosa,
que nos vem da antiguidade clássica,
essa do rio Caronte
e do seu barqueiro
a quem os mortos têm que dar uma moeda
para que os leve, em paz, para a outra margem.

Jorge:
a vida, a história, a geografia
aproximaram-nos e separaram-nos.
Os dois, tu e eu,  nunca fomos íntimos
mas tínhamos o privilégio de pertencer
a uma grande família,
pelo casamento.
E é em meu nome e de todos eles,
e, por extensão, em nome dos teus demais amigos
que eu te faço esta singela oração fúnebre
(ou elegia ou, talvez até com mais propriedade, elogio).

A última vez que te vi foi há seis anos,
na festa da família,
em 10 de julho de 2011,
acompanhado das mulheres da tua vida,
as tuas "princesas".
Guardo de ti e das poucas fotografias que temos de ti,
a serenidade do  teu olhar,
o teu trato afável,
o teu fino sentido de humor,
o grande amor que tinhas pela tua família,
a paixão pela vida 
e o prazer das coisas boas da vida.
Lembro-me de ter estado contigo
também nalgumas datas especiais,
como as festas de Natal,
sem esquecer o dia o teu casamento com a Paula:
levavam já vocês a Carolina, ao colo!...
Dupla festa de casamento e batizado,
e que bonita que foi!

Deixa-me recordar aqui os versinhos que te fiz,
em nome dos tios e  tias da família Carneiro,
que estavam na mesa  seis,
com os respetivos consortes,
Deixa-me transcrever as três últimas quadras
que rezavam assim:


(…) Uma querida menina,
Diz o pai, Jorge Dinis,
O amor é uma mina
P'ró economista f'liz!

P'ró economista f'liz
Amor vem sempre primeiro
A Paula assim o quis,
Com a benção do Carneiro

Com a benção do Carneiro,
No vale dos Raposinhos
Não falte paz e dinheiro
A este par d'amorzinhos. (…)

Depois veio a Maria
para completar a vossa felicidade.
Tiveste tudo na vida ou quase tudo.
A tua morte deixa-nos agora devastados,
a todos nós, teus familiares,
e aos teus amigos, 
os teus "caros", como lhes chamavas,
aqui presentes
para te render a última homenagem 
e despedir-se de ti.

É sempre triste a despedida,
a separação,
e, pior ainda, quando não anunciada.
Um dia destes,
num qualquer dia de uma das Quatro Estações do Ano,
também nós tomaremos lugar
nesse barco do barqueiro de Caronte.
Mas até lá, vamos teimar
em continuar a ver-te
com o teu ar sedutor,
com a tua presença luminosa,
com a tua facilidade em estabelecer 
relações e amizades.
Falo daqueles que te conheceram,
e tiveram o privilégio de lidar contigo,
a começar pelas tuas mulheres,
que muito te amaram e te amam.

E aqui deixa-me
destacar a nossa Paula
a tua Paula
por quem rezamos,
para que não lhe falte a fortaleza dos rochedos 
das praias de Gaia,
nesta hora de grande provação,
bem como as tuas filhas Carolina e Maria
cujo amor e coragem
passarão a ser uma referência
para todos nós.

A última consolação que nos resta
é a de saber que, se há um lugar
para os humanos
no condomínio de luxo dos deuses,
lá no Olimpo,
tu já ganhaste esse lugar, 
por decisão nossa e mérito teu em vida.
Quando também chegar a hora
da  nossa partida
no barco de Caronte,
haveremos então, todos juntos,
de reatar as conversas
que a tua morte estupidamente  interrompeu.

Foste à frente de todos nós,
mas a tua vida iluminou-nos
e a tua nobreza na adversidade
engrandeceu-nos,
a todos nós,
teus familiares e amigos.

Jorge, temos muito orgulho em ti!

E, no entanto,
quantos projetos não ficaram ainda 
por concretizar,
meu amigo!
E se tu tinhas ganas
de viver,
de vivê-los,
com a tua Paula
com as tuas filhas Carolina e Maria
com os teus amigos!...
Com a tua Carolina, a tua Kika, 
que quer ser médica 
e há-de ser um grande médica,
para orgulho teu 
e de todos nós!

Guardaremos connosco
as melhores recordações
do melhor de ti,
tu que foste um homem inteligente
e bom
e generoso

e amigo do seu amigo!

Quem fica do lado de cá,
separado por esse rio intransponível,
fica sempre desolado e inconsolável
pela perda irreparável
que é a morte,
a tua morte,
a qual é também a nossa futura morte.

Quem fica do lado de cá,
como nós,
fica a dizer-te adeus,
numa despedida
que é sempre breve,
porém dolorosa,
tingida já da agridoce saudade,
que dizem ser tão típica dos portugueses.
Os teus amigos de Gaia e do Porto
e de todos os lugares do mundo
onde foste feliz,
ficam no cais do rio Douro a dizer-te a adeus,
convencidos que partiste apenas
para outra cidade noutro continente,
ou noutra outra galáxia.
Como disse um amigo teu, 
com dolorosa ternura, no Facebook,
vamos supor que mudaste apenas
para o andar de cima
da casa dos teus sonhos no vale dos Raposinhos.

Leva contigo estas últimas palavras
dos teus amigos e familiares,
que elas te ajudem a atravessar o Caronte,
e a fazer boa viagem.

De regresso a casa,
vamos ajudar as tuas "princesas",
a  suportar um pouco melhor,
a tua trágica partida.
a dulcificar as lágrimas de sal,
a fazer o luto,
a construir a ponte sobre o Rio de Caronte.
É por isso que aqui estamos,
é para isso que servem a família
e os muitos e bons amigo que tu tinhas 
(e continuarás a ter) .

Até sempre, Jorge!... Ou até logo!

Tanatório de  Matosinhos, 27 de junho de 2017, 11h


a) Luís Graça, em nome da família Carneiro 
e demais amigos

01 março 2017

Efemérides: sábado, 1 de março de 1947...Nasceu no Porto, às 16h, um menino a quem puseram o nome de Augusto into Soares... Mas a notícia não consta na 1ª página do vespertino "Diário de Lisboa"...


ª página do vespertino "Diário de Lisboa", de 1 de março de 1947...Um dia tranquilo para se nascer, sábado, às 4 da tarde...no Porto!... Era menino, e puseram-lhe o nome de Augusto Pinto Soares...

Havia uma erupção no Etna, mas era longe... Havia uma guerra civil, na Grécia, mas era longe.,, E um dos navios da armada britânica fazia uma visita de cortesia ao Porto de Leixões...

(Fonte:  Fundação Mário Saores > Casa Comum > Arquivos > Diário de Lisboa / Ruella Ramos) (com a devida vénia...)

"A melhor prenda que tu me podes dar!... Ao Gusto, no dia em que faz 70 anos




Gusto:

O que é que um homem há-de dizer a um amigo que faz 70 anos ?

Primeiro, felicitá-lo por ter chegado até aqui, ao km 70. E depois desejar-lhe boa continuação da viagem.

Chegar ao km 70 já é obra, para nós, para pessoas da nossa geração. Quando nascemos, em 1947, a esperança média de vida era bem menor.

Como hoje te disse de manhã, "não estamos velhos, os nossos filhos é que cresceram" e também eles se fizeram à estrada...

Quanto a nós, comprámos um bilhete até aos 100. Vamos lá a ver como decorre o resto da viagem, ao lado daquelas e daqueles que muito amamos. Por mim, já sabes… considero-te o irmão que nunca tive, com a vantagem de não termos os laços de sangue, mas apenas o do parentesco social… Espero poder continuar a estar na lista dos teus amigos favoritos…

Como eu gosto de dizer, em linguagem da tropa (e da guerra que tu felizmente não fizeste), boa continuação, para ti, para a tua Nitas, para os teus filhos, que nossos filhos são, para a tua neta, para as companheiras dos teus filhos e para os demais presentes na tua festa dos 70 anos (o Zé, a Berta, filhos, genro, nora,  netos…)… uma boa continuação da viagem pela “picada da vida fora”…

Saberás proteger-te e protegê-los, àqueles que amas,  das “minas e armadilhas” que nos vão pondo pelo caminho… Não só os nossos inimigos mas também alguns amigos da onça… Como diz o provérbio português, que “Deus me proteja dos meus inimigos, que dos meus amigos cuido eu”.

Estes votos são naturalmente meus e do resto da minha família, a Alice, a Joana e o João… Para estes dois, tens sido também mais do que o tio Gusto…


E agora deixa-me que dizer-te um soneto, ligeiramente brejeiro, à moda do Bocage, que fiz na viagem de comboio, de Lisboa até aqui, esta tarde… e que é uma pequena homenagem ao homem dos sete ofícios, e sobretudo ao esposo, ao pai, ao tio, ao cunhado, ao mano,  ao amigo, por quem todos nós, na família, temos o maior apreço, estima e amor.


A MELHOR PRENDA QUE TU ME PODES DAR…

Para o Gusto, no dia em que faz 70 anos…



Já o senhor doutor engravatado
Não sou!... Olha-me, Nitas, só p’ra esta mão,
Com calos que não são de cirurgião,
Mas de um podador bem calejado.

Depois de tantos anos de lavoura,
E de ver os meus sócios pobretanas,
Confesso que às vezes tenho ganas
De, às urtigas, mandar a tesoura.

E logo hoje que faço setenta,
E não me levam a fora jantar!
Pois não me desfaço da ferramenta!...

Nitas, a melhor prenda que me podes dar,
É mandar certificar, aos oitenta,
Que, por ti, continuo a bem podar!...


Luís Graça, 1/3/2017

22 janeiro 2017

Recordando: foi há 11 anos em Florença, no Erasmus... O João fazia 22 anos... E teve 60 amigos em casa...



Excerto do blogue Arriverdeci Portogallo, de JonnyGrace, Florença, Toscânia, Italy > 




Fotorreportagem da minha festa de aniversário

27 gennaio 2006



Aconteceu no dia 21.
Foram as contracções uterinas da minha mãe 
que me puseram cá para fora. 
E aqui estou eu, 
22 anos depois, 
a festejar as ditas, 
num pais que nao é o meu, 
mas que pedi emprestado durante um ano. 

A festejar, longe da familia, namorada e amigos, 
mas perto de outras amizades 
que por aqui fui fazendo. 
Sem incidentes e regurgitações, 
a festa correu muito bem. 
Apareceram 60 pessoas, 
divididas pela sala, cozinha, corredores 
e um belo terraço com vista para a Basílica de San Lorenzo. 
Quase todos os meus amigos vieram. 
E isso deixou-me obviamente feliz.

Na verdade, os preparativos começaram tardíssimo. 
Às 18h00 fui com o Gui ao PennyMarket comprar bebidas e aperitivos. 
Uma hora depois entravamos no local da festa, 
com tudo por preparar. 
Faltava colocar as velas na escadas e terraço, 
montar o sistema de som,
preparar a sangria e as tostas com o fiambre, 
mudar a posição dos sofas 
e fazer o jantar para um círculo mais pequeno de amigos, 
entre os quais estava o Daniel e a Mané, 
vindos directamente de Bolonha. 

Às 21h30, como combinado, 
começaram a chegar as primeiras pessoas. 
Até às 7h00 da manhã houve risos, 
barulho, 
música, 
violino, 
guitarra, 
presentes, 
gente feliz 
e telefonemas carinhosos.


Grazie a tutti.

Senhor doutor, diga trinta e três!... Parabéns ao nosso João!...


1ª página do Diário de Lisboa, sábado, 21 de janeiro de 1984 (Cortesia de Fundação Mário Soares > Casa Comum > Arquivos > Diário de Lisboa / Ruella Ramos)




Senhor doutor, diga trinta e três,
E multiplique por três, são noventa 
E nove, mais um, cem. Em português, 
Se diz: “Quem muito ama, muito aguenta”. 

E se quem muito ama, muito aguenta, 
É porque é do signo do Aquário, 
E teve, do mundo, a melhor placenta: 
Parabéns, e até ao teu centenário! 

Alfragide, 21/1/2017, 

os teus progenitores


Querido João: nasceste num dia, igual a muitos outros de janeiro de 1984. Mas estavas com pressa de nascer. Foste para a maternidade aos solavancos, por volta das 10h da noite, a ouvir na rádio um poema do Ary dos Santos, acabado de falecer, no dia 18... 

A letra de "Os putos" ficará célebre, no fado do Carlos do Carmo (disponível aqui, com a devida vénia):


Os putos

Uma bola de pano, num charco,
Um sorriso traquina, um chuto,
Na ladeira a correr, um arco 
O céu no olhar, dum puto. 

Uma fisga que atira a esperança,
Um pardal de calções, astuto 
E a força de ser criança 
Contra a força dum chui, que é bruto. 

Parecem bandos de pardais à solta,
Os putos, os putos,
São como índios, capitães da malta,
Os putos, os putos,
Mas quando a tarde cai,
Vai-se a revolta,
Sentam-se ao colo do pai,
É a ternura que volta,
E ouvem-no a falar do homem novo,
São os putos deste povo,
A aprenderem a ser homens. 

As caricas brilhando na mão,
A vontade que salta ao eixo,
Um puto que diz que não, 
Se a porrada vier não deixo 

Um berlinde abafado na escola,
Um pião na algibeira sem cor,
Um puto que pede esmola,
Porque a fome lhe abafa a dor. 

José Carlos Ary dos Santos


Tens, por outro lado, os "Diários de Lisboa", do mês de janeiro de 1984, dos dias 1 a 31... Pode-te ser últil este "lnk" (, do portal Casa Comum / Findação Mário Saores), se um dia quiseres escrever a tua autobiografia... A discussão do aborto estava então ao rubro, no país que te coube em sorte... Nessa altura, estávamos já em negociações com a então CEE... O "mon ami Mitterand" deu uma ajuda...

Que bom teres nascido!... Temos muito orgulho em ti!...Sê feliz! 

Teus pais, Luís e Alice, e tua mana Joana