Gouveia > Folgosinho > Agosto de 1996 > Vê lá se conheces este par tão fotogénico ?.. Junto à fonte da aldeia onde há inúmeras quadras populares em azulejo... "Água e mulher só boa se quer": diz ele para ela... (Ele, sempre arisco, fugindo aos paparizzi; ela, sempre receptiva à pst! pst! do fotógrafo de serviço)
Gouveia > Folgosinho > Agosto de 1996 > Nada como o verão, e as férias, para se dar atenção às pequenas/grandes coisas da vida... Em 1996, já tínhamos dobrado o Cabo do Meio Século...
Porto > 6 de Março de 1979 > Ainda usávamos cabelo comprido e aprendíamos o jeito de ser pais...Tu aqui (que trenura!) com o pequeno Luís Filipe, o primogénito, nascido a 7 de Janeiro desse ano... Tinha aqui dois meses...
Candoz > Natal de 1984 > Éramos vinte cinco anos (um quarto de século!) mais novos e até sabíamos tocar acordeão e contar histórias à canalha... Da esquerda para a direita: tu, qual mágico, com o teu acordeão encantatório, o João (com 11 meses), a Joana (6 anos), o Filipe (5 anos, o Pedro (7 anos) e o lourinho do teu Tiago (com 3 anos)... Na velha cozinha da velha casa em cima da qual haveríamos de construir o nosso actual casarão... Há quanto tempo!... Pois é, foi no século passado... Estávamos a um passo de entrar na Cê Éi É...
Candoz > Natal de 1984 > Divertida, a canalha... Já não me lembro a modinha que tocavas, mas eram sons, alegres, do Norte... Sempre gostei de te ver e ouvir tocar o acordeão... (Sei que o tens agora arrumado no sótão das velharias! Que pena....).
Óbidos > Agosto de 1985 > Fazíamos sempre férias em Agosto... Era quando a fábrica fechava... Para os putos era o melhor mês do ano... Fizemos umas belas férias juntos, estes anos todos, em que os putos ainda andavam às nossas cavalitas... E até levámos as sobrinhas que nos calharam na rifa: neste caso, a Susana, que é hoje uma senhora enfermeira e mãe de três robustos rapazes...
Candoz > Páscoa 1992 > Já não nos sentamos nesta pedra nem à sombra desta latada... E temos saudade de quem partiu, o patriarca José Carneiro (à esquerda) e a nossa querida sogra, Maria Ferreira, sem esquecer a tua querida mãe... A meio, o meu velhote, que dificilmente voltará a Candoz (prestes a fazer 90 anos, em Agosto)... E o teu puto, o Tiago, sempre curioso, partilhando a leitura do Record e discutindo coisas da bola... Era a época, segundo creio, em que ele tinha como ídolo o Vitor Baía... (Espero que ele nos "veja", lá do outro lado do mundo, na Nova Zelândia, onde está de férias...).
Lourinhã > Praia de Valmitão > Agosto de 1985 > Uma foto rara... Dificilmente te apanharia, na praia, em calções, alguns anos mais tarde... O que faz ser pai de putos pequenos!
Não, não foi no México!... Foi na Madeira, em Agosto (claro) de 1990!
Alugámos um carrão e percorremos a ilha de lés a lés, quatro adultos, quatro putos... Ainda a Madeira não era um queijo suíço... Não reconheceria a tua mulher se não estivesse ao lado da irmã, que é a minha cara metade... Que elegante que estava a Nitas nessa época!... Afinal, tínhamos todos 43 anos, tu, ela e eu, que a Alice leva um ano e meio de avanço... (Em férias, a Alice insistia sempre em dar-te a "regueifa", ou seja, o volante do carro, coisa a que nunca te fazias rogado... Eu, pela minha parte, gostava de andar à boleia...).
Uma cena campestre, algures em Espanha, ou melhor na vizinha Galiza (aonde íamos com alguma frequência, com passagem por Vigo, para o marisco...)... Agosto de 1992... Depois do piquenique, a siesta... Nas gargantas do Sil, afluente do Rio Minho, perto de Orense (a legenda na foto é tua)... Na ponta do lado direito, o Pedrocas...
Bragança > Parque Natural de Montesinho > Montesinho > Casa-abrigo > Agosto de 1992 > As férias foram sempre, para todos nós, incluindo os putos, uma janela para o mundo, para descobrir coisas novas, outras gentes, outras culturas, outros cheiros, outros sabores, outras cores, outras texturas, outro imaginário... (Lembras-te ? Chegámos à noite e fomos comprar pão quente e alheiras da terra... No dia seguinte, estavas para morrer, quando o estômago às voltas!... Ou era a maldita úlcera, de que finalmente conseguiste livrar-te há poucos anos atrás, ao fim de que quarenta e tal anos de sofrimento e estoicismo, como eu nunca vi em ninguém!)...
Espanha > La Coruña > Agosto de 1992 > Que bem comportadinhos que eles eram...
Bragança > Rio de Onor > Agosto de 1992 > Casas da aldeia, comunitária, que nasceu dos constrangimentos da economia agro-pastoril de montanha, e que foi objecto de estudo de antropólogos como o Jorge Dias ou o Joaquim Pais de Brito (meu prof e amigo)... Na foto, o Pedro, a Joana e o Filipe. O boi do povo, com a sua tonelada de carne e músculos, foi a vedeta, para os putos, pré-adolescentes...
A verdade é que eles (e ela...) cresceram, cresceram, sem a gente quase se dar conta...
Nessa época, só queriam hotéis com piscinas...
Candoz > Vindimas 1996 > E em Setembro, voltávamos ao trabalho...Na Quinta, eram as vindimas... Estas eram (e são) a minha mãe, Maria da Graça, mais as assalariadas Alice e Zezinha.
Candoz > Vindimas 1996 > Este era (e é) o nosso querido Quim, quando jovem...
Candoz > Vindimas 1996 > Este era (e és) tu... Com mais cabelo...
Candoz > Vindimas 1996 > Foto de família... Em Setembro, vinham as canseiras e as alegrias da vindima... Era a festa, o centro do equinócio de verão... Em 1996 éramos uns tantos, faltavam muitos mais... Em primeiro plano, o Manel, de cócoras; na segunda fila, da esquerda para a direita, os meus pais, a Mi, a Zeza, a Nitas, a Joana, o João, o Zé; na terceira fila, o Joaquim, o Miguel (marido da Cristina), o Miguel, a Alice, o teu pai, tu e o Zé do Chelo...
E voltamos ao princípio da história... Encontrámo-nos porque casámos com duas manas de Candoz, tu, nortenho, com a Nitas, que te deu dois belos rapazes, que são o teu orgulho de pai, o Filipe e o Tiago; eu, sulista, com a Alice, que me deu uma Joana e um João... Falta aqui a nossa sócia e cunhada, Rosa, e o nosso outro sócio e também querido cunhado, Zé... Na foto, está cá o filho, Pedro, o Pedrocas, que sempre tratámos como nosso menino também... E está cá a nossa querida Carmen, mãe do Pedro, que partiu bem cedo, injustamente cedo, desta vida, em 1992... Claro que falta cá muito mais gente (não vou enumerar a família toda, que é extensa, mas que, por certo, estará hoje na tua festa, em espírito ou fisicamente, a começar pelo teu irmão Zé e a Berta, a quem envio um abraço, daqui, de Lisboa).
A Carmen é a primeira, do lado esquerdo, vestida de vermelho, sempre bem produzida (como se diz aí no Norte)... A foto já não sei quando nem onde foi tirada... Tem seguramente muitos muitos anos, foi no século passado, quando ainda éramos todos muito jovens... Talvez em 1988...O sítio ? O Museu de Serralves, um magnífico espaço que o Porto tem e os mouros de Lisboa invejam... (ou diria, admiram).
Espero que tenhas gostado desta pequena viagem de regresso a um passado, afinal recente, de que pessoalmente guardo as melhores recordações. Devo dizer-te que é um privilégio ser teu amigo e cunhado. Teu e da Nitas. Tu és o mais novito de nós, os três, que nascemos em 1947, mas a partir de hoje estamos quites. Comemorámos juntos os 50 anos, lembras-te ? No Tromba Rija... Também no século passado... Espero poder bisar essa efeméride, contigo, a Nitas, e a Alice, os nossos putos, netos e bisnetos. E os amigos, claro!
Que tenhas um grande dia, e sobretudo muita saúde para a segunda parte do filme de que és o actor e o herói, o filme da tua vida! Um grande abraço. Luís
PS - Aproveitando a boleia, a Alice, a Joana e João mandam-te também muitos chicorações.
Fotos: © Luís Graça (2010). Direitos reservados
1 comentário:
Obrigado Luís.
O privilegiado sou eu em te ter como amigo e cunhado.
Quem se não tu se dava ao trabalho de ir ao baú, velho e empoeirado,
levantar o pó aos registos de uma vivência alegre, feliz mas nostálgica e já quase carunchosa ?
Bons tempos esses que nos fazes recordar e reviver.
E tantos outros há escondidos nas profundezas do esquecimento e que fazem
parte duma vida que entrou no ciclo descendente.
Era bom percorrer montes e vales, aldeias e vilas, terras quase incógnitas cá dentro ou lá fora, com a “canalha” aos ombros tentando mostrar-lhes outros conhecimentos, outras culturas, outras formas de estar. Foi bom porque agora já crescidos, começando a rodar o filme das suas vidas, aí estão, em busca dos objectivos que lhes ensinamos a prosseguir, com persistência, com espírito aberto, viajando para os sítios mais dispares tentando absorver outras vivências, outras formas de estar.
Quanto a nós, quais catatuas em busca de companhia, cá vamos mantendo de vez em quando o espírito viageiro (como nos vais mostrando neste blogue) sem o bulício, a traquinice, a irrequietude que os nossos filhotes (já homens e mulher) nos enfadavam, por vezes, mas sempre nos faziam sentir felizes por os termos ali, ao lado.
Graças ao nosso, sobretudo ao teu, espírito de fotógrafo muitos desses momentos ficaram registados, para agora, nostalgicamente lhes mostrarmos a primeira parte do filme das suas vidas; eles com aprendizes e nós como actores mais intervenientes.
Mais uma vez obrigado Luís por estas recordações e creio que muitos mais registos (com a tua máquina sempre pronta a disparar para fixar o mais pequeno pormenor dum momento efémero na altura mas que fará parte das nossas vidas) serão feitos para mais tarde os nossos filhos puderem ver a última parte do filme dos seus progenitores. Haja saúde que jovialidade não nos falta.
Um grande abraço deste teu sincero amigo (e cunhado).
Gusto
Enviar um comentário