O nosso querido Zé Soares.
Foto; Sandra Soares Russo (2023)
Querido Zé Soares:
Que dizer
perante a morte ? A morte deixa-nos sem palavras.
Mas tu tens
direito a uma palavra. Não podes partir da terra que amavas sem uma palavra.
Uma palavra
dos que te amaram e que também fizeram parte da tua vida.
Já tiveste,
agora mesmo, as palavras de fé e de esperança cristãs, do celebrante desta
cerimónia, sempre tocante, que é a missa de corpo presente. Resta agora a nossa
palavra de homenagem e de despedida.
Temos para
contigo o dever de memória e, mais do que isso, a obrigação de te manifestar o
amor, a amizade, a estima e o apreço que tu mereces e que sentimos por ti. Para
mais agora que partiste para a tua última viagem.
Zé, foste um homem bom, mas discreto, humilde. Gostavas
de ficar no teu cantinho. Mas, por
detrás dessa discrição e humildade, havia muito talento e bondade. Foste um
homem bom, foste um bom filho, e depois pai, esposo, avô, amigo, irmão, colega,
vizinho, cidadão, português. Foste um profissional de seguros competente,
dedicado e honesto. E tinhas tudo para ser um grande artesão e artista, se
tivesses dado asas aos teus sonhos.
Sempre
pensei que poderias ter trabalhado na
arte do restauro nalgum dos nossos grandes museus nacionais. Trabalhavas a madeira
com gentileza, poesia, arte e engenho. E só detestavas os pregos, confidenciou
me o teu mano Gusto. Era uma das tuas
paixões, mesmo muito antes da reforma.
Mais do que
tudo, eras um homem generoso, amigo do seu amigo, que sabia pagar a amizade com
a amizade.
Sem sermos
amigos íntimos, recordo os muitos natais e festas da páscoa, na Madalena, mas também vindimas em Candoz. Com as nossas mulheres,
com os nossos filhos e netos a crescer, ainda com os teus pais, com o teu mano, com a
nossas saudosa Nitas, com o teu adorado filho Miguel.
Foram
momentos muito bonitos e felizes das nossas vidas em comum. E eu nunca me esquecia
de tI e dos teus nos meus versinhos festivos.
Estamos
agora todos desolados com a tua partida precoce. Bolas, tinhas direito a viver
ainda muitos e bons anos. Simbolicamente, partes no veleiro que há muitas
décadas atrás montaste, peça a peça, com a tua infinita paciência, rigor e
habilidade. É o barco de Caronte, como
eu gosto de dizer, e já diziam os gregos antigos. O barco que também um dia destes nos há de
levar a todos para a outra margem do rio, mar, oceano, planeta ou galáxia, que agora nos
separa, qualquer que seja a nossa crença ou o Deus a quem rezamos.
Até lá, até nos juntarmos todos de novo, já
tens aí ao pé de ti o teu querido filho Miguel (que nos deixou tão cedo!), os teus pais, a nossa Carmen, a nossa Nitas…
Deixas na Terra o teu ADN, o teu património
genético. E sobretudo um rasto luminoso, como ser humano.
Zé, deixa-me
dizer-te por fim, que podes ter
orgulho nos cá ficam. da tua família aos teus amigos.
Com a eterna
saudade, do Luís e da Alice, e de todos de mais presentes nesta celebração religiosa. Até
sempre, Zé Soares!
Porto, igreja
paroquial de Nª Sra. da Boavista, 2/9/2023.
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