02 setembro 2023

In Memoriam: José Teixeira Pinto Soares (1945-2023)

 

O nosso querido Zé Soares. 

Foto; Sandra Soares Russo (2023)


In memoriam José Teixeira Pinto Soares (1945-2023)

 

Querido Zé Soares:

Que dizer perante a morte ? A morte deixa-nos sem palavras.

Mas tu tens direito a uma palavra. Não podes partir da terra que amavas sem uma palavra.

Uma palavra dos que te amaram e que também fizeram parte da tua vida.

Já tiveste, agora mesmo, as palavras de fé e de esperança cristãs, do celebrante desta cerimónia, sempre tocante, que é a missa de corpo presente. Resta agora a nossa palavra de homenagem e de despedida.

Temos para contigo o dever de memória e, mais do que isso, a obrigação de te manifestar o amor, a amizade, a estima e o apreço que tu mereces e que sentimos por ti. Para mais agora que partiste para a tua última viagem.

Zé,  foste um homem bom, mas discreto, humilde. Gostavas de ficar no teu cantinho. Mas,  por detrás dessa discrição e humildade, havia muito talento e bondade. Foste um homem bom, foste um bom filho, e depois pai, esposo, avô, amigo, irmão, colega, vizinho, cidadão, português. Foste um profissional de seguros competente, dedicado e honesto. E tinhas tudo para ser um grande artesão e artista, se tivesses dado asas aos teus sonhos.

Sempre pensei que poderias  ter trabalhado na arte do restauro nalgum dos nossos grandes museus nacionais. Trabalhavas a madeira com gentileza, poesia, arte e engenho. E só detestavas os pregos, confidenciou me o teu mano Gusto.  Era uma das tuas paixões, mesmo muito antes da reforma.

Mais do que tudo, eras um homem generoso, amigo do seu amigo, que sabia pagar a amizade com a amizade.

Sem sermos amigos íntimos, recordo os muitos natais e festas da páscoa, na  Madalena,  mas também vindimas em Candoz. Com as nossas mulheres, com os nossos filhos e netos a crescer,  ainda com os teus pais, com o teu mano, com a nossas saudosa Nitas, com o teu adorado filho Miguel.

Foram momentos muito bonitos e felizes das nossas vidas em comum. E eu nunca me esquecia de tI e dos teus nos meus versinhos festivos.

Estamos agora todos desolados com a tua partida precoce. Bolas, tinhas direito a viver ainda muitos e bons anos. Simbolicamente, partes no veleiro que há muitas décadas atrás montaste, peça a peça, com a tua infinita paciência, rigor e habilidade.  É o barco de Caronte, como eu gosto de dizer, e já diziam os gregos antigos.  O barco que também um dia destes nos há de levar a todos para a outra margem do rio,  mar, oceano, planeta ou galáxia, que agora nos separa, qualquer que seja a nossa crença ou o Deus a quem rezamos.

 Até lá, até nos juntarmos todos de novo, já tens aí ao pé de ti o teu querido filho Miguel (que nos deixou tão cedo!), os  teus pais, a nossa Carmen, a nossa Nitas…

 Deixas na Terra o teu ADN, o teu património genético. E sobretudo um rasto luminoso, como ser humano.

Zé, deixa-me  dizer-te por fim, que podes ter orgulho  nos  cá ficam. da tua família aos teus amigos.

Com a eterna saudade, do Luís e da Alice, e de todos de mais  presentes nesta celebração religiosa. Até sempre, Zé Soares!

Porto, igreja  paroquial de Nª Sra.  da Boavista, 2/9/2023.



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