06 junho 2025
28 abril 2025
José Carneiro (1911-1996): um homem de contas certas e sérias... Foi mordomo da festa da N. Sra. do Socorro em 1960 e teve de pagar do seu bolso 961 escudos e 63 centavos do "prejuízo" (cerca de 5,8 contos, a dividir por seis)...
Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Capela de N. Sra. do Socorro > 25 de julho de 2015 > Interior, com os andores, prontos para a procissão de domingo, dia 26...
Terras antiquíssimas estas, com forte tradições de que são guardiãs e continuadoras as nobre e valentes gentes entaladasbentre o Rio Tâmega e o Rio Douro.
Estas festas fazem parte dos "nossos seres, saberes e lazeres" e são acarinhadas pelo pessoal da Tabanca de Candoz... Nunca é de mais lembrar, por outro lado, que o extenso concelho do Marco de Canaveses pagou um pesado imposto em sangue, suor e lágrimas durante a guerra colonial, tendo 45 dos seus filhos lá morrido, em terras de Angola, Guiné e Moçambique.
Em chegando o verão, há foguetes e alegria no ar. Há festa, há a festa anual da padroeira de Paredes de Viadores, da freguesia do mesmo nome (mas agora mais comprido, já que a Paredes de Viadores juntou-se também a antiga freguesia de Manhuncelos).
Por estas terras também andou o lendário herói do "banditismo social", Zé do Telhado ( Castelões de Recesinhos, Penafiel, 1818 / Mucari, Malanje, Angola, 1875). e o seu bando, cujas façanhas ficaram na memória das gentes dos vales do Sousa e Tâmega (onde nasceu Portugal). Desterrado, Zé do Telhado morreu em Angola (onde a sua memória ainda é, ao que parece, venerada).
Por aqui, Marco de Canaveses e Baião, passa também a rota do românico... que os portugueses de hoje deviam fazer pelo menos uma vez na vida!...
- Fogo de quatro fogueteiros > 7600$00 | 3941 €
- Música (sic) dos B. V. Portuenses > 4100$00 | 2126 €
- Iluminação > 2750$00 | 1426 €
- Música (sic) dos B. V. de Rio Mau [Penafiel] > 2500$00 | 1297 €
- Carne para os músicos [ das bandas] > 1222$00 | 634 €
- Vinho para os músicos > 1000$00 | 519 €
- Armação [dos andores] > 1000$00 | 519 €
- Mercearias > 763$60 | 396 €
- Zés Pereiras > 450$00 | 233 €
- Padres 450$00 | 233 €
- Guarda [Nacional] Republicana > 360$00 | 187 €
- Tipografia: programas e estampas > 290$00 | 150 €
- Autofalante > 250$00 | 130 €
- Carpinteiro do sr. Geraldes [do Juncal] > 162$00 | 84 €
- Câmara [Municipal]: Energia e eletricista > 137$50 | 71 €
- 4 quilos de cavacas para os anjinhos > 100$00 | 52 €
- Pão de trigo e de milho > 96$00 | 50 €
- Licença da Câmara para as músicas > 66$00 | 34 €
- Flores e correio > 58$80 | 30 €
- João de Magalhães [que deitou o fogo] > 50$00 | 26 €
- Gratificação para o electricista > 50$00 | 26 €
- Carro em que regressou a GNR [ao posto, que era na vila] > 40$00 | 21 €
- Expediente > 28$80 | 15 €
- Selo de 35 programas > 14$40 | 7 €
- Despacho do fio de cobre para iluminação > 9$70 | 5 €
- Recebeu-se dos mordomos de Paredes > 5791$60 | 3004 €
- Recebeu-se dos mordomos de Viadores > 5186$50 | 2690 €
- Rendeu a festa em dinheiro > 4240$20 | 2199 €
- Apurou-se em ouro [oferecido à santa] > 1817$50 | 943 €
- Renderam as flores [de papel] > 642$00 | 333 €
Total =17677$80 | 9168 €
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O famoso "santo Antoninho" dos anos 60... A nota de "20 paus" (cópia)...(Segundo o Museu de Lisboa , a nota de 20$00 com a imagem de Santo António foi emitida pela primeira vez a 16 de janeiro de 1965. Com a data de 26 de maio de 1964, no total foram emitidos 299,1 milhões de notas. A 30 de maio de 1986 estás notas foram retiradas de circulação.) |
Como termo de comparação, registe-se que nessa época (1960) um jornaleiro ganhava, em média, 20 escudos (10 euros) por dia, enquanto um oficial (como o José Carneiro, ramadeiro, construtor de ramadas) cobrava 50 escudos (25 euros) pelo seu trabalho diário.(##)
Repare-se, por outro lado, que o foguetório já nessa altura representava 1/3 do total das despesas, e mais de outro tanto a contratação de duas bandas de músicas (uma do Porto e outra local, Rio Mau, Penafiel, concelho vizinho), pagas em dinheiro e em géneros (38%). As duas bandas tocavam à compita.
José Carneiro foi mais de uma vez mordomo destas festas de Nº Srª do Socorro, que se realiza todos os anos no último domingo de julho.
_________________
(##) Vd. logue A Nossa Quinta de Candoz > 29 agosto 2012 > José Carneiro (1911-1996), construtor civil de ramadas
21 abril 2025
Os nossos "versinhos" ao compasso pascal...

Madalena, Vila Nova de Gaia, 5 de abril de 2015.
1. Uma seleção dos meus versos dedicados ao "compasso pascal": há 50 anos que venho ao Norte, nesta data, ao Porto, à Madalena (V. N. Gaia), a Candoz (Paredes de Viadores, Marco de Canaveses). Nesta e noutras datas festivas, como o Natal, o Carnaval, etc., ou trabalhos coletivos da quinta, como a vindima...
Viva o compasso pascal
Desta linda freguesia,
Fizeram-nos muito mal
Estes dois anos de pandemia.
Faltam beijos e abraços,
Mas lá iremos ao normal,
Hoje damos mais uns passos,
Viva o compasso pascal!
É uma antiga tradição
Que nos enche de alegria,
E reforça a união
Desta linda freguesia.
Andámos todos com medo
E com máscara facial,
Duas Páscoas sem folguedo
Fizeram-nos muito mal.
Sem compasso nem foguetório,
Sem convívio nem folia,
Nem sequer houve peditório
Nestes dois anos de pandemia.
Deste compasso pascal,
É uma festa bem bonita,
E que nunca é igual.
E que nunca é igual,
Logo vem outro, se falta algum,
Renova-se o pessoal,
Que aqui somos todos por um.
Que aqui somos todos por um,
Na alegria ou na tristeza,
Na fartura ou no jejum,
Cabendo todos à mesa.
Cabendo todos à mesa,
Onde não falta o anho assado,
Nesta casa portuguesa,
Onde honramos o passado.
Onde honramos o passado,
O presente e o futuro,
Se alguém está adoentado,
Tem aqui um porto seguro.
Tem aqui um porto seguro,
Damos valor à amizade,
Às vezes o rosto é duro,
Mas o resto é humildade.
Mas o resto é humildade,
Viva o compasso pascal,
E a nossa fraternidade!...
Boa Páscoa, pessoal!
Boa Páscoa, pessoal,
Boa saúde e longa vida,
À Ti Nitas, em especial,
Que nos é muito querida!
Quinta de Candoz,
segunda feira de Páscoa,
22 de abril de 2019
_________________
Já lá vem, em festa, p’la estrada fora,
O compasso pascal da freguesia,
Chega à nossa casa mesmo na hora,
E a todos saúda com alegria.
Mais do que a tradição, é a certeza
Para nosso geral contentamento.
Se não for preenchido, é o dos ausentes,
E, em especial, dos nossos mortos queridos;
Aos que vieram e estão aqui presentes,
Saibam que nós ficamos muito honrados.
E, aos do compasso, diremos, reconhecidos:
Tenham um dia feliz, mesmo… estoirados!
Quinta de Candoz, 2 de abril de 2018
Apregoa o compasso pascal,
Que hoje nesta casa nos visitou,
E a todos nos juntou neste local.
É uma das ruas da Madalena,
Que tem nome do nosso primeiro rei,
E eu, quando não posso vir, tenho pena,
Porque a Páscoa é aqui, isso eu sei.
Lá vai o compasso pela rua fora,
Sem freima, com prazer e devoção,
Com ordem, em festiva procissão.
À frente vai a cruz e uma senhora,
E outra porta se abre, ali na hora…
Até p’ró ano… e viva a tradição!
Madalena, V. N. Gaia,
domingo de Páscoa,
16 de abril de 2017
Olha o compasso pascal,
Visitando a freguesia,
Nesta casa, é bom sinal,
Traz-nos a fé e a alegria.
Traz-nos a fé e a alegria,
Que todos bem precisamos,
É a Santa Páscoa o dia
Em que as forças renovamos.
Em que as forças renovamos,
Como seres humanos e cristãos,
Boas festas desejamos,
Pais, filhos, amigos, irmãos.
Vizinhos da Madalena,
Mais os de longe que aqui estão,
E quem não veio vai ter pena.
E quem não veio vai ter pena,
De neste ano faltar,
Mas fez esta cantilena,
Para com vós partilhar.
Para com vós partilhar
As coisas boas do Norte,
E a amizade reforçar
Com um abraço bem forte.
Lisboa e Madalena, V. N. Gaia, domingo de Páscoa,
27 de março de 2016, 10h30
Vem em abril este ano
O nosso pascal compasso,
Vem o sicrano e o beltrano,
A todos damos um abraço.
É já forte a tradição,
Desta gente aqui do Norte,
Abre a porta, pede a bênção,
A todos deseja sorte.
É um povo hospitaleiro,
Que sabe receber e dar,
Se na fé é o primeiro,
Não fica atrás no folgar.
Obrigados, nossos vizinhos,
Pela visita pascal,
E aceitem com carinhos
… As amêndoas deste casal.
(...) Madalena, 5 de abril de 2015
Diz o povo… Mas em Candoz,
Não há Páscoa sem compasso,
E não há gente como… nós!
Viva o compasso pascal
Que nos vem visitar,
Franqueando nosso portal,
Santas bênçãos nos quer dar.
Páscoa é festa com mensagem:
Triunfa a vida sobre a morte;
Segue o compasso a viagem
E a todos deseja…sorte.
Viva o compasso pascal
Que nos faz esta visita,
Vem por bem, não vem por mal,
Mas traz um saco prá… guita!
Sem guita não há foguetes,
Que é coisa que o povo adora,
Sem ovos não há omeletes,
Sem folar não me vou… embora!
Páscoa é festa da nossa vida,
É tradição cá do Norte,
Não há gente tão querida,
Alegre e de altivo… porte.
É casa de boa gente,
É povo abençoado,
Que gosta de dar ao dente
E se pela por anho… assado!
Parabéns às cozinheiras
Desta bíblica iguaria,
Elas são também obreiras
Desta nossa… alegria.
A todos, muito obrigados:
Sem uma farta e grande mesa,
Sem amigos e convidados,
Páscoa seria… tristeza!
(...) Quinta de Candoz, 1/4/2013
01 abril 2025
As nossas comidinhas: o sável com açorda de ovas
Foto (e legenda): © Luís Graça (2025).
1. Caros leitores: todos os dias a malta tem de comer, mal ou bem... Mas, parece, que cada vez pior, diz o povo...E ele há coisas que vão desaparecendo das nossas mesas: caça, peixe, marisco, vitela, queijo e requeijáo de Serpa... Quem é que lhe chega
Com a pandemia de Covid-19, a malta habituou-se aos enlatados: atum com grão de bico, cavalas em óleo de girassol, sardinha em óleo picante com pickles, etc. E aos congelados... Mas, feitas as contas ao quilo, até o raio das conservas de peixe estão pela hora da morte...
Até os petiscos dos pobres passaram para o cardápio dos ricos, do bacalhau ao polvo, do berbigão à sapateira, do sável à lampreia...
Será que ainda se fazem as "iscas com elas" ? E ainda há quem faça "tomates de carneiro" ?...O que desapareceu, do nosso tempo, foram também as tascas, com serradura no chão e pipos de tinto carrascão na parede, mesas de tampo de mármore e mochos de madeira em vez de cadeiras de plástico...
Mas estamos numa época boa para certos "petiscos" como as favas suadas, as "casulas com butelo" ou o sável frito com acorda de ovas... Foi o que a nossa "chef" Alice fez para celebrar os dois mesinhos da segunda neta, a Rosinha (em 23 de março)... Dizem os comensaios que foi comer e chorar por mais (o sável foi generoso, tinha dois quilos e meio e trazia as ovas...).
Era um "prato" que se comia à mesa dos pobres, na Quaresma, por duas razões:
(i) era a altura do sável subir o rio Douro para desovar (ainda não havia barragens);
(ii) os pobres não compravam a bu(r)la ao senhor abade, os "rendeiros" não podiam comer carne mas precisavam de proteína para trabalhar as terras do seu "senhor e amo", o sável vendia-se de porta em porta, enfiadas num longo varapau, tinha muitas espinhas, era preciso engenho, arte e paciência para o saber cortar fininho e fritá-lo em azeite...
Ele há coisas que não há no céu... E que não preço. E que, por isso, náo passam pelo estreito dos bilionários... E uma delas é seguramente a açorda de ovas com sável frito, com um toque muito especial do alho e do coentro (que era do Sul, dos ganhões, e que por isso não ia à mesa do rei)...
Tudo à moda da "Chef" Alice, segundo uma receita antiga da família da Quinta de Candoz, que ainda é do tempo do extinto concelho de Bem Viver e das pesqueiras do rio Douro que tinham foral do senhor Dom Manuel , o Venturoso.
_________________
Nota do editor LG:
Publicado outra versão no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > 27 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26623: No céu não há disto: Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (47): Um prato duriense, que se comia na Quaresma, "sável frito com açorda de ovas" (e que vai bem com o "Nita", da Quinta de Candoz, um DOC verde, branco, colheita selecionada, 2023, diz a "Chef" Alice)24 março 2025
Nita, dois anos de saudade sofrida
21 janeiro 2025
Ao João Graça, que hoje faz anos e não precisa que a gente lhe diga que o ama muito
Contra o ponto (.) a vírgula (,)
Contra o ponto de exclamação (!) as reticências (…)
CONTRA OS TíTULOS DE CAIXA ALTA,
o ponto de interrogação (?).
Ou então abram alas, malta,
parênteses, curvos ( ) ou rectos [ ],
e parem só aos sinais de proibição.
... Por precaução.
E ao Não!, digam Não!, ponto de exclamação (!).
E aqui carreguem nos sinais de interjeição:
Ai! ei! ii! oi! ui!...
... Que, com a vida sem pica, a gente fica
sem palavras nem (lo)comoção!
Ao sinal verde, toca a arrancar e a marchar
contra os OOO da arrogância,
os UUU da flatulência,
os III da intolerância,
os EEE da estupidez,
os AAA da bravata e os RRR do arroto,
mais os ÇÇÇ do caraças da doença,
e, pior, os acen(t)os da demência.
Cuidado, ao final das escadas,
â direita,
o cano de esgoto,
não escorregar em contramão.
... Não há receita contra as gralhas e as calinadas,
e os atropelos à decência.
War is over, baby,
bela bajuda de mama firme,
tira fora o chapéu de abas largas
e atira flores aos que morreram,
em terra, no ar e no mar,
pelas causas que não têm deferimento.
... Não os deixes inumar
na vala comum do esquecimento!
Cuidado, camarada,músico do mundo,
trânsfuga, refractário, desertor,
prisioneiro, inimigo, comissário,
capelão, comandante, detrator,
miliciano, agente duplo, lavadeira,
escriturário, artilheiro, piloto,
grumete, xico, cadete, capitão,
crente ou ateu, tanto faz,
e olha o robô,
que, no fim da picada, podes ser cuspido, zás!,
pela força centrífuga do silvo da cobra cuspideira
que se mordeu a si própria.
... Mas, a sério, ninguém se magoou ?
Quanto ao macaréu, já não é o que era,
garantiram-te no Xime...
Deixaram assorear o Geba Estreito,
que crime!,
os administradores das águas fluviais
braços de mar, tarrafes e canais de irrigação
da liberdade criativa.
... Dizer que o trabalho é bom p'ró preto
já não é politicamente correcto. Corta.
Mas que importa,
se já nem vocês se afoitam, pessoal,
de peito feito, aberto,
contra os jagudis imperiais do Corubal
que comeram as últimas letras do alfabeto.
... Morreram todos, os cabras-machos!
Para que serve afinal a liberdade sem a poesia nem a "bianda" ?
Há que pôr os pontos nos ii,
no semáforo intermitente,
engraxar as botas,
brunir os colarinhos,
escovar o camuflado,
serrar fileiras e os dentes,
pensar na puta da vida,
e no povo, agora, murcho, calado e tolo,
e abrir aspas entre as falas em crioulo.
... Enquanto o corpo está quente e o sangue sai às golfadas.
Até o barqueiro, coitado, perdeu o k da kanoa,
varada no tarrafo do Mato Cao.
Sem o til.
... Levaram-no, ao pobre do til, para o canil de Lisboa.
Há agora um fantasma de um quarteleiro
à procura das estrias, frias, do morteiro...
Triste samurai, aquele, que não encontra o fio nu da espada,
E em vão procura o historiador o rumo da história.
... E, ai! do pobre (a)tirador,
aquele que se mata a (a)tirar
o acento circunflexo da bala na câmara.
Encontraste um 'djubi', numa escola do mato,
exercitando o seu estilo caligráfico,
em caderno de duas linhas,
de acordo com a norma do acordo pouco ortográfico.
... Oxalá, Insh'Allah, Enxalé!
Resta o humorista, o velhaco,
que é sempre o último a perder
os quatros humores,
já no fundo da pista onde acabam todas as peugadas:
sangue, pouco e fraco, diz o o doutor,
fleuma, de mal a piores,
bílis amarela, quanto baste,
e bílis negra, às carradas.
... Que o último a morrer,
nem sempre é o que morre melhor.
Que o que faz bem ao braço, faz mal ao baço
e já não há coração que aguente
a pressão hiperbárica do pulmão.
O fígado, esse, mesmo de aço e de inox,
é um passador crivado....
Não sabes o que é que faz mais urticária,
ao tabanqueiro viril, que não arreda pé,
se a inveja do pobre em hidratos de carbono
ou a pesporrência do rico em sais minerais.
Resta a cruz de guerra
da guerra de mil e troca o passo, na Guiné,
e os seus heróis.
... Todos diferentes, todos iguais.
Quanto à vida, baby,
no fundo, é tudo tretas:
sangue, suor e lágrimas...
é quando se tem 20 anos,
força nas canetas,
e muito esperma para dar e vencer.
Agora já se não usam palavras com trema.
... Nem tu sabes o que fazer com este poema.
De qualquer modo,
quando a gente morrer,
que não seja por falta de imaginação,
ou de habit(u)ação,
ou de fim do prazo de validade,
que seja ao menos numa cama fofa,
de consoantes e vogais.
Sem travessão. E com piedade.
dispensemos a notícia nos jornais.
© 2008 | Revisto em 21/1/2025
15 janeiro 2025
Nita, faz hoje 78 anos que nascias na Quinta de Candoz...Obrigado pelo privilégio de te termos conhecido e amado
Querida Nita,
como é que poderíamos esquecer o dia em que tu "partiste",
24 de março de 2023 ?
E hoje, o dia em que farias 78 anos,
e iríamos estar todos à mesa à tua volta,
celebrando o milagre da vida e da medicina ?
Ah!, lutaste brava e arduamente contra a doença e a morte,
e, apesar de tanto sofriment0,
como tu gostavas da vida e dos teus "mais-que-tudo"!...
Não te poderíamos esquecer,
mesmo que muitos nos digam que o tempo tudo apaga:
temos as nossas casas cobertas com as tuas fotos,
porque, mesmo depois de morta,
o teu sorriso doce será sempre uma terna e eterna
recordação de ti,
e ajuda-nos a suportar um pouco melhor a tua perda...
Como nesta foto de 18 de setembro de 2020,
já estavas doente mas eras a mais feliz de todos nós,
nas vindimas, em Candoz...
Os teus filhos, Tiago e Felipe,
o teu homem, o teu Gustito,
toda a família, toda a Quinta de Candoz,
todos nós,
estamos espiritualmente ligados contigo,
não importa onde estejas,
no céu da tua fé
ou na galáxia mais distante da nossa infinita tristeza,
neste dia em que tu gostavas tanto
de receber flores, poesia, beijinhos e chicorações,
para partilhar esta efeméride,
este momento efémero,
com muita saudade,
mas com também com muito orgullho
por tudo o que nos deste,
por tudo o que foste para nós,
pelo exemplo e pela inspiração
que continuas a ser para nós!
Nascias há 78 anos, na Quinta de Candoz!...
Bebamos hoje do teu/nosso vinho "Nita",
ao privilégio de te termos conhecido,
e de termos partilhado contigo
as pequenas grandes coisas que, afinal, contam na vida,
e neste mundo,
o amor, a amizade, a beleza, a saúde, a paz, a liberdade.
Os teus mais-que-tudo...
Quinta de Candoz, 15 de janeiro de 2025