27 março 2023

Na hora da despedida da Terra da Alegria: homenagem à nossa querida Nitas, Ana Ferreira Carneiro Pinto Soares (Candoz, 15 jan 1947 - Porto, 24 mar 2023) - Parte III (Tiago e Filipe, filhos)

 



Vila Nova de Gaia  > 20 de junho de 2019 >  A Nitas, a tocar o cavaquinho, n dia do casamento do filho Tiago (aqui na foto, de costas, regendo o grupo musical que abrilhantou a festa) O Filipe aparece em segundo plano, a tocar viola. E o pai de ambos, o Gusto, é o segundo acordeão. O primo João (violino) aparece à esquerda, por detrás dos dois acordeãos.

 

Maia > ESMAI > 27/6/2017  > Com o coro e  grupo de cavaquinhos  da Casa do Pessoal do ISEP. A Nitas é a quarta, da primeira fila,  a contar da esquerda.


Macedo de Cavaleiros > Podence > Casa do Careto > 11 de fevereiro de 2018


Lisboa > MAAT > 17 de junho de 2018 > Com o Gusto, frente ao estuário do rio Tejo, a ponte e o Cristo Rei

Fotos: álbum da família (com a devida vénia)


1. Palavras ditas pelo filho Tiago, 40 anos, na missa de corpo presente, dia 25 de março, na igreja de Padrão da Légua, Matosinhos, reproduzidas aqui com a devida vénia (*):

Mãe,

De todos os dias da minha vida, este era o que mais temia, e o que menos queria que chegasse. Metade de mim partiu.

Levo comigo o teu sorriso daquele último domingo enquanto brincavas com os teus netos.

Eras um abraço quentinho e sempre aberto, um coração sem tamanho, onde cabiam na mesma medida todas as dores e alegrias, as tuas e as de todos nós.

Eras toda emoção, de choro fácil, mas de sorriso ainda mais. Eras pura em vontade de viver.

Tenho a certeza de que onde quer que estejas, estás a olhar por nós, como sempre o fizeste e tão bem nos ensinaste.

E tenho a certeza ainda maior de que há nomes tão fortes que a morte só leva emprestado. Por isso havemos de dançar, cantar, pintar, escrever, cozinhar, tocar ... enfim, havemos de criar! Seja o que for, mas inspirados em ti e no sentimento que em nós deixaste ganharás vida. E enquanto assim for nunca hás-de morrer!


2. Palavras do filho mais velho, Luís Filipe, 44 anos, na capela da Sra do Socorro, Paredes de Viadores, 25/3/2023, às 15h00 (reproduzidas aqui, com a devida vénia):

Antes de mais queria agradecer a todos a vossa presença aqui, isto significa muito para nós e significaria muito para ela também, pois a coisa que ela mais cultivou ao longo da vida foi a amizade.

Desde a última vez que falei para a maioria dos presentes, que foi no casamento do meu irmão, muitas coisas mudaram, mas a principal, é o facto de a minha mãe estar na primeira fila, sendo ela a protagonista.

Para mim a minha mãe, entre tantas, definia-se com estas palavras:

(i) Honestidade – Deverá ser, a par do meu pai, a pessoa mais honesta que conheci, tudo para ela era sobre fazer o bem e corretamente; devo-lhes isso, aos meus pais, e todos os dias faço o meu melhor para que se orgulhem de mim e o que me ensinaram não tenha sido em vão:


(ii) Sensibilidade – Não era sensível, era hípersensível, conseguia chorar em todos as situações, más ou boas, e em muitas delas sem razão aparente, mas a ironia tem destas coisas… e hoje aqui estamos …todos a chorar e ela não;

(iii) Gratidão - A primeira palavra que lhe saía da boca para qualquer coisa de bom que lhe acontecia era a palavra “Obrigada”. Mesmo quando era comigo que a situação era boa, ela obrigava-me a agradecer e não descansava enquanto não o fizesse (E aproveitando esta alavra em especial ela quereria neste momento, assim como nós, agradecer ao Dr. Ricardo Pinto o seu empenho, profissionalismo e amizade pela minha mãe e que fez com que prolongasse ao máximo da vida dela e, portanto, a nossa felicidade: não existem palavras uficientes para agradecer a ele e a todos os profissionais do Hospital de S. João que trataram com carinho e amor a minha mãe, portanto vou ser prático e dizer como a minha mãe me ensinou “Muito Obrigado”.)

(iv) Regateadora – Possivelmente uma das maiores regateadoras que o mundo já viu, conseguia os melhores descontos com uma técnica muito apurada… um misto de paciência e determinação e provavelmente sendo um pouco somítica; para tal comprovar, tenho uma história, era eu criança e fomos comprar umas sapatilhas para mim na Rua de Costa Cabral, entramos e saímos de todas as lojas para ver todos os preços e voltámos à primeira que tínhamos visitado; depois de experimentar e de pedir para as levar, pediu o inevitável descontinho, ao que o dono da loja disse que não podia de maneira nenhuma, porque até estavam com 40% de desconto em plena época de saldos; ela não cedeu e meia hora depois saímos com as sapatilhas na mão e com mais 20 escudos no bolso; portanto tinha valido a pena!!!


(v) Amor – Acima de tudo um amor incondicional aos irmãos, cunhados, sobrinhos, amigos, ao
amor da vida dela de 50 anos, aos filhos, às noras e principalmente aos netos que foram no
fundo a razão maior para ter lutado tanto tempo pela vida, pois queria acompanhar o máximo
da vida deles.

Mãe, estas palavras são agora para ti, foste a melhor mãe do mundo, estou-te agradecido por tudo que fizeste por mim, o teu amor e o teu carinho, a tua sensibilidade e honestidade fizeram de mim o que sou hoje e apesar da tua aparente fragilidade foste a mais corajosa e
lutadora de todos os que conheci. Amo-te muito! Sei o que querias para mim e espero estar à altura.


De todas duas palavras deixei duas últim para o fim e que nunca pensei dizer tão cedo: Adeus Mãe!"

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